Desta vez, Jair Bolsonaro não seguiu totalmente o seu líder Donald Trump. Bom para o agronegócio.
Nos discursos feitos na ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente brasileiro atacou Venezuela e Cuba. Já o presidente americano, além desses dois países, pediu mais sanções para o Irã.
Vontade de seguir o líder provavelmente não faltou, uma vez que a família Bolsonaro já fez críticas àquele país nas mídias sociais.
O Brasil não pode, porém, deixar a questão ideológica interferir em seus negócios, principalmente pela dependência brasileira das exportações agropecuárias.
Cubanos e venezuelanos reduziram as compras de produtos agrícolas brasileiros nos anos recentes, mas os iranianos estão comprando cada vez mais.
Eles estão na terceira posição da lista de importadores do agronegócio brasileiro, com valores próximos aos dos americanos, que são o segundo do ranking.
A lista considera apenas alimentos e não inclui a Holanda, porta de entrada para vários outros países.
Os iranianos, que há cinco anos compraram o equivalente a US$ 753 milhões de janeiro a agosto, somaram US$ 1,8 bilhão no mesmo período deste ano.
O Irã é muito importante para os setores de milho, soja, carnes e açúcar. As importações de milho feitas pelos iranianos já somaram 4,3 milhões de toneladas até agosto e deixaram US$ 800 milhões de receitas para os brasileiros.
As exportações totais do cereal neste ano subiram para 22,7 milhões de toneladas, com receitas de US$ 4 bilhões.
As compras de produtos do complexo soja (grãos, farelo e óleo) pelos iranianos atingiram US$ 745 milhões no ano e as de carne bovina, US$ 173 milhões.
Já a Venezuela, importante parceiro do agronegócio cinco anos atrás, reduziu drasticamente as compras no Brasil, devido à sua crise econômica.
Nos oito primeiros meses de 2014, os venezuelanos gastaram US$ 1,9 bilhão na aquisição de alimentos brasileiros. Só em carnes, as despesas foram de US$ 1,4 bilhão.
Neste ano, as compras totais somaram apenas US$ 136 milhões e têm como destaque o arroz.
No caso de Cuba, a redução nas importações de alimentos foi de 48%, com os gastos dos cubanos se restringindo a US$ 117 milhões de janeiro a agosto últimos.
A França, outra pedra no calçado de Bolsonaro nos últimos meses, reduziu as importações de alimentos para US$ 536 milhões neste ano, 31% menos do que há cinco anos.
A China, líder em compras de alimentos do Brasil, já deixou US$ 18 bilhões no país neste ano.
Esclarecimentos Na avaliação de Martins, “defendeu a soberania nacional, esclareceu equívocos sobre a Amazônia e ressaltou o importante papel do Brasil na produção de alimentos e na preservação do meio ambiente”.
Etanol A produção das usinas da região centro-sul atingiu 23 bilhões de litros até 16 deste mês. A safra começou no início de abril. Esse volume supera em 0,53% o da safra anterior (2018/19).
Açúcar Os dados são da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que registrou, ainda, redução na produção de açúcar para 20 milhões de toneladas, 5% menos do que na safra anterior.
Alcooleira Dos 438 milhões de toneladas de cana que foram moídos nesta safra, 64,52% foram para a produção de etanol. No ano passado, eram 63,45%.
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