Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Fertilizantes ainda terão preços favoráveis em 2020

Demanda cresce, mas oferta é boa e inibe elevações, segundo relatório global do Rabobank

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A retomada da demanda em alguns mercados importantes, como o dos Estados Unidos e o da Índia, não deve pressionar os preços mundiais de fertilizantes.

O aumento da capacidade mundial de produção será um inibidor dessa evolução, mesmo com a previsível melhora nos preços das commodities.

O Brasil é um dos países que manterão crescimento da demanda. Em 2020, a entrega de fertilizantes aos produtores pelas indústrias deverá somar 37 milhões de toneladas, 2% mais do que neste ano, segundo Matheus Almeida, analista do Rabobank.

Plantação de soja, produto que consome quase 50% dos fertilizantes usados pelo Brasil. - REUTERS

O mercado deverá ficar atento, porém, ao desenrolar da peste suína africana, principalmente na Ásia, e à guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Essas ocorrências afetam o consumo mundial e as vendas de soja, produto que consome quase 50% dos fertilizantes usados pelo Brasil.

Neste ano, o consumo brasileiro de fertilizantes superou 36 milhões de toneladas, com evolução de 2% em relação ao de 2018, e as importações subiram para 28 milhões, 2,7% mais.

Preços baixos e margens apertadas das indústrias vão favorecer as importações também em 2020. Em 2019, a produção brasileira caiu 6%, segundo relatório global de fertilizantes do Rabobank, a ser divulgado nesta sexta (20).

O dólar elevado diminui um pouco a condição favorável dos preços externos, além de aumentar outros custos que dependem da moeda americana. A perda de valor da moeda brasileira, porém, melhora a margem de remuneração das commodities em reais.

Na China, o consumo continua crescendo, mas o governo tem incentivado uma utilização menor de produto por hectare para reduzir o impacto ambiental.

Na União Europeia, a demanda deverá cair 0,9%, e a previsão é de crescimento baixo nos próximos anos.

Nos Estados Unidos, espera-se uma recuperação da demanda, após problemas na safra anterior. Os preços das commodities indicam uma rentabilidade maior para os produtores que optarem pelo milho em 2020, ao invés da soja. Deverá crescer mais, portanto, a demanda por fertilizantes específicos para essa cultura.

A Austrália passa por um período de seca em várias regiões. O retorno das chuvas antes ou depois do plantio vai determinar a demanda de adubo pelos produtores.

O relatório do Rabobank avalia que o aumento de área de milho nos Estados Unidos vai elevar a demanda por nitrogênio. A produção da Índia ainda continua como elemento chave para o mercado, mas os analistas do banco esperam uma recuperação dos preços no primeiro semestre de 2020, devido à maior utilização nos Estados Unidos.

O patamar de produção, contudo, poderá limitar o preço a valores inferiores aos da média de US$ 300 por tonelada deste ano.

No caso do fosfato, a demanda é fraca e há um aumento da capacidade produtiva. No primeiro semestre de 2020, os preços externos podem ficar abaixo dos US$ 350 por tonelada de 2019. Já no segundo, a recuperação vai depender dos preços das commodities.

A demanda mundial por potássio é fraca e os estoques estão elevados. De janeiro a novembro últimos, os preços caíram de 9% a 16% em alguns dos principais mercados.

Algumas indústrias reduzem produção, mas recuperação dos preços pode ser inibida pela demanda, segundo a avaliação do banco.

Terra de índio

O Brasil tem atualmente 163 milhões de hectares de terra para produzir carne bovina. Boa parte dessa terra é degradada e de baixa produtividade.

Terra de índio 2

Em uma pesquisa da Agroconsult e da Athenagro, feita durante o Rally da Pecuária deste ano, constatou-se que produtores visitados por essa expedição, e que utilizam tecnologia, produzem 12,8 arrobas de carne por hectare por ano.

Terra de índio 3

Esse volume corresponde a três vezes a média nacional. Ou seja, se o produtor brasileiro evoluísse para esse patamar de 12,8 arrobas, o país necessitaria de apenas 55 milhões de hectares para produzir a carne que produz hoje.

Terra de índio 4

Os índios têm de ter autonomia em suas terras, mas não precisam criar boi para fazer o preço da carne baixar como quer o presidente Jair Bolsonaro.

Cereais

A União Europeia produzirá 320 milhões de toneladas neste ano, 9,2% mais do que em 2018. O volume supera em 4,3% a média das últimas cinco safras.

Liderança

O destaque fica para o trigo, cuja produção atingiu 156 milhões de toneladas no ano. A colheita de milho deve somar 68 milhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (19) pela UE.

EUA

As exportações de soja dos americanos somaram 1,43 milhão de toneladas na semana terminada em 12 deste mês, um pouco acima do previsto pelo mercado. A China ficou com 690 mil.

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