Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Reação da China a caso atípico de vaca louca preocupa setor

País asiático é o principal importador de carne bovina do Brasil e já gerou divisas de US$ 2,5 bilhões até julho no mercado brasileiro

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A análise de um possível caso de vaca louca atípico em Minas Gerais está mexendo com um dos principias setores do agronegócio brasileiro.

O mercado futuro da B3, que na terça-feira (31) cotava o contrato de setembro da arroba de boi gordo a R$ 310, chegou a se negociado a R$ 292 nesta quinta-feira (2).

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) também indicou retração nos preços da arroba, que foi negociada a R$ 305 nesta quinta-feira, abaixo dos R$ 310 de terça-feira.

Gado descansa na fazenda Ipê Ouro, em Uberaba, que adota ações de sustentabilidade e faz integração entre floresta e pecuária - Divulgação/Fazenda Ipê Ouro

A rapidez na avaliação desse caso é fundamental. Informações do mercado indicam que o resultado poderia sair ainda nesta sexta-feira (3), uma vez que já houve uma avaliação de um laboratório canadense, sob a supervisão da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal).

Os casos anteriores no país deixaram muita incerteza e o afastamento de importadores importantes. Um dos mais mais antigos foi do Paraná, há uma década.

Os frigoríficos pisaram no freio nas compras de gado nos últimos dias, à espera de uma divulgação oficial do Ministério da Agricultura. Essa redução de compras, no entanto, não afetará o ritmo de produção, uma vez que as escalas de abates estão longas.

Algumas unidades têm gado no pátio para abater por até duas semanas. O produtor, porém, deverá sentir no bolso a redução dos preços.

O maior temor do setor é com a reação do mercado externo. Assim como ocorreu nos casos anteriores, mesmo quando não se confirmou a doença, houve uma pressão para reduzir preços.

Se o caso não for confirmado, ao que tudo indica, segundo fontes do Ministério da Agricultura, a OIE não alterará a classificação de risco do Brasil, que, atualmente, é classificado como insignificante.

Mesmo assim, em casos anteriores, vários países saíram do mercado de importação e exigiram longa documentação para o retorno.

Uma das grandes preocupações nesta quinta-feira era com a China. Sem o país asiático, a indústria de proteína do Brasil desmonta. Em 2017, antes do avanço da peste suína africana no continente asiático, os chineses importaram 110 mil toneladas de carne bovina de janeiro a julho, representando 20% das exportações brasileiras.

Nos sete primeiros meses deste ano, as compras já somam 490 mil toneladas de carne bovina congeladas, 60% das exportações brasileiras.

Uma eventual barreira a importações de carne bovina por alguns países poderia favorecer as vendas de outras carnes.

Um associado da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que congrega produtores e exportadores de carne suína e de frango, afirma, no entanto, que qualquer tipo de doença traz desconfiança ao consumidor, o que não é bom para nenhum dos elos da cadeia.

Essas carnes também ganharam muito espaço na China nos últimos anos. A exportação brasileira de carne suína, que foi de apenas 28 mil toneladas de janeiro a julho de 2017, antes da peste suína africana no país asiático, atingiu 336 mil no mesmo período deste ano.

A participação chinesa subiu de 8% para 57% nas exportações brasileiras. A de frango foi de 10% para 15% no mesmo período.

O Brasil nunca registrou um caso clássico de vaca louca. Os casos clássicos provêm de alimentação dos bovinos com proteínas de outros animais.

Já os casos atípicos, já registrado pelo país, são de aparecimento espontâneo, sem ligação com alimentação. São provocados, em geral, por degeneração celular.

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