Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Com melhora na renda, inadimplência cai no setor rural, mas saldo ainda é elevado

Renegociações trazem produtor para o mercado novamente, segundo gestora de crédito

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Mesmo na bonança atual do setor agropecuário, há quem não consiga administrar corretamente sua propriedade, e entre na lista dos inadimplentes.

Preços elevados das commodities há várias safras e a boa rentabilidade, principalmente devido às exportações, favorecidas pelo dólar elevado, fazem com que muitos produtores, no entanto, coloquem em dia suas dívidas.

Atualmente, a inadimplência nas operações de crédito rural fica entre 0,5% e 1%, o que mostra que os produtores, hoje com mais liquidez, estão administrando melhor sua atividade. Há dez anos, essa taxa era de 2%.

O saldo das dívidas vindas do passado, no entanto, é muito grande. Esse volume de dinheiro fica entre R$ 300 bilhões e R$ 400 bilhões no agronegócio.

As estimativas são de Christian Ramos, presidente da NPL Brasil, uma gestora de créditos corporativos inadimplentes. Independente, a gestora tem próximo de R$ 6 bilhões em sua carteira.

O objetivo das operações é reinserir o produtor ou a empresa no mercado e requalificá-lo para atuar dentro de uma plataforma de negócios mais moderna, onde ele possa ter um crédito mais acessível e, inclusive, se engajar nos conceitos de ESG (compromissos com meio ambiente, sociais e de governança).

Mulher com bermuda e chapéu empurra arado em campo
Produtora rural em fazenda de Matelândia, no Paraná - Zanone Fraissat-4.set.2017/Folhapress

Na inadimplência, o produtor está limitado em suas ações. Muitas vezes têm um patrimônio grande, mas o montante da dívida não permite que ele siga adequadamente com suas atividades.

O crédito é limitado e caro. Com isso, a produção, muitas vezes ineficiente, não permite o cumprimento dos compromissos.

A origem desses créditos pode ter sido empréstimos pelo sistema financeiro, "barter" (troca de insumos por produtos agropecuários) ou outras formas, diz Ramos. Alguns deles são esqueletos de há décadas, e vêm de instituições como Bamerindus, Banespa e outros.

A gestora, após avaliar o potencial desses produtores e suas dívidas, traz um investidor nacional ou internacional para o negócio que compra esses créditos.

O objetivo é a requalificação desse devedor, segundo o presidente da NPL. É feita uma arbitragem desse crédito que, na maioria das vezes, é barato, uma vez que as instituições financeiras já não esperam mais reavê-lo.

Os bancos melhoraram muito, mas estão longe de ter a eficiência de quem se especializou e tem tecnologia nesse setor, diz Ramos.

A saída desse produtor do sistema bancário como devedor permite acesso a crédito mais barato ou ele recebe financiamento do próprio fundo que está investindo.

Ao sair dessas amarras da dívida, o produtor volta a produzir e aumentará a capacidade de sanar suas dívidas.

Em alguns casos, no entanto, esses compromissos, que vêm de há décadas, são impagáveis, segundo o presidente da NPL Brasil.


Gastos elevados Os custos operacionais dos produtores de café estiveram em R$ 12 mil por hectare na safra 2021/22. Na próxima, subirão para R$ 20 mil, segundo avaliação dos técnicos do Itaú BBA.

Receitas boas Com o preço de venda da saca em R$ 600, e uma produtividade de 25 sacas, os produtores obtiveram um retorno de R$ 120 por saca em 2021/22.

Ainda melhor Na safra 2022/23, com o valor da saca em R$ 1.400 para entrega em 2022, e produtividade de 30 sacas por hectare, vão conseguir R$ 700 por saca, segundo os analistas.

Produção O Itaú BBA estima uma produção de 56 milhões de sacas de café em 2021/22. A seguinte ficará entre 60 milhões e 64 milhões.

Preço A saca de café foi negociada, em média, a R$ 1.282 nesta quinta-feira (4) para o produto posto na cidade de São Paulo, com alta de 2,1% no mês, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicadas).

Volta a subir A arroba de boi gordo subiu para R$ 267,75 nesta quinta-feira, com evolução de 4% neste mês, segundo o Cepea.

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