Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Preço das commodities volta a subir forte, contrariando ritmo do petróleo, que cai

Próximos passos da economia mundial ainda são incertos, mas taxas elevadas de juros vão provocar desaceleração

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Após um início de semana que parecia mostrar uma tendência de queda e de acomodação dos preços das commodities agrícolas, esta quinta-feira (4) foi um dia de tensão e de altas.

Muita coisa ainda está em jogo e dificulta uma avaliação do setor. O governo ucraniano acredita em uma produção próxima de 65 milhões de toneladas de grãos, um cenário ainda ruim em relação ao potencial do país, mas melhor do que as estimativas pessimista de um volume inferior a 50 milhões de toneladas.

Máquina trabalha em plantação na Ucrânia
Máquina trabalha em plantação na Ucrânia - Viacheslav Ratynskyi - 1º.ago.22/Reuters

A Covid-19, que o mundo está esquecendo um pouco, ainda tem reflexos fortes nas políticas de fechamento de mercado adotadas pela China.

Os próximos passos da economia mundial ainda estão bastante incertos, mas as taxas elevadas de juros vão provocar desaceleração.

O clima não está favorável para as lavouras dos Estados Unidos. Chove, mas evapotranspiração, devido ao intenso calor nos períodos diurno e noturno, inibe o potencial produtivo das culturas.

Além desses fatores que vêm ocorrendo ao longo dos últimos meses, a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan traz incertezas quanto ao comportamento da China em relação aos EUA.

Os fundos de investimentos estão acreditando em um retorno das altas, uma vez que aumentaram suas posições de compra no mercado de grãos.

Entre os fatores que pesam no mercado, está a reduzida oferta de produtos. Os estoques finais de soja dos americanos da safra 2022/23 devem terminar o período próximos de 6 milhões de toneladas, o menor volume em uma década e o suficiente para apenas 19 dias de consumo.

Esse volume considera uma safra dos EUA dentro da normalidade. Qualquer interferência negativa do clima fará a produção cair para um patamar inferior aos 122 milhões de toneladas previstos atualmente.

O cenário pouco favorável da soja fez o farelo de soja ter uma alta de 6,6% nesta quinta-feira na Bolsa de Chicago. O primeiro contrato subiu para US$ 514 (R$ 2.679) por tonelada.

"É um mercado inexplicável e difícil de avaliar. O mesmo farelo que tinha sofrido uma forte queda na segunda-feira (1º) volta a subir", afirma Fernando Muraro, da AgRural.

Ele acredita que, em vista de tantas variantes, o mercado vai continuar bastante volátil. O clima, no entanto, devido ao efeito que poderá causar às lavouras neste período de enchimento de grãos, vai continuar interferindo muito.

A alta de preços do farelo de soja ocorre em um período em que o Brasil está elevando as exportações. De janeiro a julho deste ano foram 12,3 milhões de toneladas, 23% a mais do que em igual período de 2021.

Essa alta, se continuar, é ruim para os produtores internos de proteínas, que estavam sentindo um alívio nos custos com a queda dos preços do milho.

Os principais mercados para o farelo brasileiro estão na Ásia. Tailândia, Indonésia e Vietnã lideram as importações, enquanto a China ensaia o início das compras.

Terceiro maior produtor mundial de farelo de soja, o Brasil é o segundo maior exportador. O derivado de soja ganha importância no mercado mundial porque a Ucrânia, principal exportadora de farelo de girassol, está com as vendas externas comprometidas, devido à guerra.

Nesta quinta-feira, a soja em grãos voltou a ser negociada acima dos US$ 16 por bushel (27,2 kg), com aumento de 3,5% no contrato de novembro da Bolsa de Chicago, o mais negociado.

O farelo subiu 6,6%; o óleo de soja, 1;5%; o trigo, 2,4%; e o milho, 1,8%.

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