A área a ser destinada à produção de arroz em 2022/23 no Brasil, safra que se inicia, será a menor registrada até então pelo país. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os produtores semearão apenas 1,46 milhão de hectares do cereal. No início dos anos 2000, a área superava 3 milhões.
Com um espaço menor dedicado ao cereal, a produção brasileira recua para 10,3 milhões de toneladas, a menor em 20 anos. Os preços internos voltaram a subir neste segundo semestre.
O feijão também perde espaço, e a área a ser semeada em 2022/23 recuará para 2,7 milhões de hectares, segundo IBGE e Conab, 2,3% a menos do que na anterior. A produção cai para 2,9 milhões, com recuo de 3,2% em relação à safra atual.
O trigo atingiu produção recorde neste ano, somando 9,6 milhões de toneladas. No próximo, no entanto, a safra recua 12%, devido a uma queda na área de plantio e na produtividade a ser obtida, conforme estimativas do IBGE.
Mesmo com o bom momento do trigo, devido aos preços internacionais, se as previsões de plantio de 2022/23 se confirmarem no Brasil, ela será 2,4% inferior à de 2021/22, segundo o IBGE.
O Amis, órgão ligado à FAO, também mostrou nesta quinta-feira um cenário mundial apertado para arroz e trigo. A safra de arroz recua para 513 milhões de toneladas, e os estoques mundiais caem 2%, para 194 milhões.
Isso ocorre em um momento em que vários produtores estão limitando as exportações, o que segura os preços internacionais em patamar elevado. Com cenário externo e câmbio favoráveis, boa parte do produto nacional vai para as exportações.
A produção mundial de trigo deverá atingir 781 milhões de toneladas, um volume ainda bom e que proporciona estoques mundiais de 300 milhões.
Dificuldades de produção na Ucrânia e na Rússia, dois grandes fornecedores mundiais, e seca prolongada na Argentina começam a pôr em xeque essas estimativas.
A produção dos argentinos de 2022/23 pode recuar para 12 milhões de toneladas, após ter atingido 21 milhões.
A queda de área no plantio de produtos básicos já é conhecida, e se deve à expansão de produtos voltados para o mercado externo e que têm maior liquidez, como a soja.
Na safra 2022/23, porém, a produção mundial de soja aumenta para 395 milhões de toneladas, segundo o Amis, elevando os estoques mundiais para 50 milhões de toneladas, o que inibe os reajustes de preços.
A inflação dos alimentos no mundo pode não subir mais, mas não vai recuar muito do patamar alto que atingiu. No Brasil, a pressão também persiste.
Concentração Pelo menos 80% da comercialização dos óleos comestíveis é de responsabilidade de apenas sete empresas no país. No caso do feijão, são 72; e no de arroz, 65.
Concentração 2 Os dados são da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), que aponta um crescimento esperado de 11% nas vendas das proteínas neste Natal.
Altas e baixas Em uma cesta de 35 produtos básicos montada pela Abras, as maiores altas em outubro foram de tomate, cebola, batata e farinha de mandioca. Entre as quedas, estiveram leite, feijão, óleo de soja e café.
Moagem A produção brasileira de soja deverá subir para 153,5 milhões de toneladas na safra 2022/23, segundo a primeira estimativa da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Moagem 2 Com mais matéria-prima à disposição, as indústrias vão processar 52,5 milhões de toneladas de soja; produzir 40,2 milhões de toneladas de farelo, e colocar 10,7 milhões de toneladas de óleo de soja no mercado.
Saldo bom A receita com as exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) deve atingir US$ 66 bilhões em 2023, acima dos U$ 59 bilhões deste ano. Em 2020, eram apenas US$ 35 bilhões.
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