Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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América do Sul eleva dependência da China na carne bovina

Região obteve receitas de US$ 19 bilhões com exportações dessa proteína em 2022

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A América do Sul está cada vez mais dependente de um único mercado de carne bovina. No ano passado, a China ficou com 53,3% do volume de toda a carne brasileira exportada. A participação chinesa nas receitas foi ainda maior, de 61%.

A situação argentina é ainda mais concentradora. No ano passado, 77,6% do volume de carne bovina resfriada, congelada e processada enviado para o exterior teve como destino o mercado chinês, segundo o IPCVA (Instituto de Promoção da Carne Bovina da Argentina).

A situação do Uruguai não é muito diferente. Nas três primeiras semanas de janeiro, os chineses compraram 54% da carne bovina exportada pelo país, segundo o Inac (Instituto Nacional de Carnes).

Gado de em fazenda em Minas, 200 km a noroeste de Montevidéu - Andres Stapff - 5.dez.11/Reuters

O cenário não deve mudar muito neste ano na região, provavelmente com o Brasil ganhando uma fatia ainda maior do mercado chinês.

O rebanho de bovinos encolhe em vários países importantes, como nos Estados Unidos e na Argentina, e cresce no Brasil, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O rebanho chinês deverá superar a barreira dos 100 milhões de cabeças neste ano, mas o consumo do país asiático cresce em ritmo maior do que o da produção interna.

A esperada recuperação da economia e o fim das barreiras contra a Covid-19 vão aumentar o consumo e elevar a necessidade de importação dos chineses.

Nos cálculos do Usda, os chineses aumentam a produção de carne bovina para 7,35 milhões de toneladas, mas o consumo sobe para 10,9 milhões, obrigando o país a elevar as importações para 3,5 milhões. Em 2019, as compras externas se limitavam a 2,2 milhões de toneladas.

A produção mundial de carne bovina fica estável, em 59,2 milhões de toneladas, mas os preços perderam o patamar elevado que vinham obtendo, o que facilita as importações chinesas.

O Uruguai, que conseguia um valor médio de US$ 6.969 por tonelada em 2022, vendeu a US$ 5.572 neste início de ano.

Carcaças em frigorífico em Goiás - @frigorificogoias no Instagram

A Argentina, que exportou a US$ 5.472, na média de 2022, comercializou a US$ 4.000 por tonelada em dezembro. Alguns mercados, como o da Itália, ainda pagam até US$ 8.710.

Os preços obtidos pelo Brasil também recuaram, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Em janeiro de 2022 atingiam US$ 5.236, na média, valor que recuou para US$ 4.843 no mês passado.

As exportações brasileiras de carnes bovinas e derivados somaram US$ 13,1 bilhões em 2022. As do Uruguai e as da Argentina, incluindo carnes resfriada, congelada e processada, subiram para US$ 2,6 bilhões e US$ 3,4 bilhões, respectivamente.


Disparada Os preços médios dos hortifrútis tiveram alta de 36,7% no ano passado, segundo o Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários.

Disparada 2 Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e apontam a pressão da batata (mais 51%), do tomate (23%) e da banana (52%).

Disparada 3 O setor de pecuária, pressionado por leite e por ovos, teve alta de 8%, enquanto o setor de grãos evolui 7%.

Mais recordes As receitas com exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) deverão render US$ 65 bilhões neste ano, prevê a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Mais recordes 2 Segundo a associação, as exportações de soja em grão vão atingir a marca de 92 milhões de toneladas, com receitas de US$ 53 bilhões.

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