Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Condições das lavouras americanas se mantêm ruins, e preços sobem

As previsões não indicam bons volumes de água para as próximas semanas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esse é um período do ano de definições para as lavouras americanas, e o clima passa a ser um dos principais pontos a serem observados. Há dez dias, as condições das lavouras, devido à falta de chuva, eram as piores desde 2012. Naquele ano, o país registrou uma forte queda de produção, ocasionada por problemas climáticos.

O relatório de acompanhamento de safra divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta um quadro ainda pior. A temperatura é normal, mas a chuva ainda é pouca para o período, o que torna o setor sensível com relação à produtividade.

Avaliando os dados do Usda, a AgRural constatou que as condições "boa e excelente" das lavouras de milho desceram de 55%, na semana passada, para 50% nesta. É o menor percentual desde 2012.

Condições das lavouras nos EUA, devido à falta de chuva, são as piores desde 2012 - Brendan Smialowski - 15.mar.2023/AFP

O mesmo ocorre com a soja, que mantém as piores condições desde 2012. O relatório do Usda desta semana indica que as condições "boa e excelente" da oleaginosa caíram para 51%, abaixo dos 54% da anterior.

A ocorrência de pouca chuva neste mês e a previsão da continuidade desse quadro em julho ainda poderão afetar a produção americana. É um cenário que gera preços voláteis, mas, por ora, não há indicação de queda em grandes proporções.

Os dados mais recentes do comportamento dos fundos de investimentos mostram que eles aproveitaram o efeito climático para aumentar posições, o que favoreceu a alta de preços na semana passada.

O primeiro contrato da soja teve alta de 1,8% na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira, subindo para US$ 15,15 por bushel (27,2 kg). O contrato de novembro foi reajustado em 1%, atingindo US$ 13,23. O milho teve valorização de 1%, com o contrato de julho subindo para US$ 6,37 por bushel (25,4 kg).

Já o trigo, que mantém boas perspectivas de produção nos principais produtores mundiais, teve queda de 1,1%, com o preço do contrato de setembro recuando para US$ 7,38 por bushel (27,2 kg).

As estimativas mundiais de produção de grãos para 2023/24, que não consideram eventuais problemas na safra americana, vêm indicando bom desempenho até agora. A safra mundial de soja poderá atingir 411 milhões de toneladas, elevando os estoques mundiais para 123 milhões.

Esse aumento viria, em grande parte, do Brasil, que, após o recorde de 156 milhões de toneladas neste ano, deverá atingir 163 milhões no próximo, conforme estimativas do Usda.

As safras dos Estados Unidos e da Argentina, após queda neste ano, se recuperam no próximo. Os americanos deverão produzir 123 milhões de toneladas, após 116 milhões em 2022/23.

Já a Argentina, que obteve apenas 25 milhões de toneladas da oleaginosa neste ano, poderá atingir 48 milhões no período 2023/24, segundo o órgão do governo americano. As importações chinesas permaneceriam em 100 milhões de toneladas.

Com base nas estimativas deste mês feitas pelo Usda, a produção de milho sobe para 1,22 bilhão de toneladas, acima do consumo mundial de 1,21 bilhão. A maior evolução da utilização do cereal ocorre no segmento de rações, que tem evolução de 2,6%, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). O consumo humano aumenta 0,8%.

Quanto ao trigo, a produção sobe em vários dos principias produtores mundiais. A União Europeia se recupera e tem capacidade de produção de 140,5 milhões de toneladas em 2023/24, o mesmo volume da China. A Índia eleva a produção para 113,5 milhões; e a Rússia, para 85 milhões. Com isso, os estoques finais da safra serão de 271 milhões de toneladas, aponta o Usda.

O mercado brasileiro acompanha esse movimento de preços em Chicago. O patamar atual está longe do que imaginavam os produtores, mas, quando a Bolsa americana sobe, as vendas internas reagem.

Os preços têm como limitador de alta, no entanto, o câmbio, que está em patamar menor, e os prêmios, que são negativos. Além disso, há ainda muita soja para ser comercializada.

O milho, cuja safra total de 2022/23 deverá atingir 127 milhões de toneladas no Brasil, está com a colheita da safrinha mais lenta neste ano. Devido à umidade, as máquinas avançaram apenas 9,3% sobre as áreas prontas para a colheita neste ano no centro-sul, abaixo do 20,3% de igual período do ano, segundo a AgRural.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.