Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu América Latina

Exportação de madeira cai, compra de agrotóxicos recua e agro adquire mais da Venezuela

Exportações sobem para US$ 83 bi; importações recuam para US$ 19 bi

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O primeiro semestre do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado por exportações recordes do agronegócio, mas com uma série de mudanças em relação a igual período de 2022.

A boiada passou mais lentamente, e as exportações de madeira em toras caíram 18% em volume; o agronegócio aumentou em 55% as importações feitas na Venezuela; as compras externas de agrotóxicos caíram 45%; e as importações de trigo tiveram o menor volume em 26 anos para esse período.

Claro que essas mudanças não ocorreram apenas porque houve uma troca de governo, mas porque o cenário internacional mudou, os preços estão em queda e houve um aumento da produção interna brasileira de grãos e de carnes. A aceitação externa do país, no entanto, deve tomar outra dimensão.

Exportações de madeira em toras caíram 18% em volume no primeiro semestre de 2023 - Michael Dantas/AFP

As exportações de alimentos e de outros produtos relacionados ao agronegócio renderam US$ 83 bilhões neste ano, com evolução de 5% em relação ao recorde de janeiro a junho de 2022.

Já as importações tiveram caminho inverso e recuaram para US$ 19 bilhões no semestre, 24% abaixo das de igual período de 2022, conforme dados da Folha, com base na Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Constante nas falas do presidente, a Venezuela teve poucas mudanças no ritmo das exportações brasileiras do agronegócio para o país vizinho. Foram US$ 430 milhões. Há uma década, esse valor girava próximo de US$ 1,5 bilhão por semestre.

Do lado das importações, porém, o cenário é outro. O agronegócio brasileiro elevou em 55% as compras na Venezuela, impulsionadas por fertilizantes, que subiram para 329 mil toneladas, no valor de US$ 107 milhões.

Importante mercado para o agronegócio brasileiro, a Venezuela foi restringindo as importações ao longo dos últimos anos, conforme a crise econômica interna foi aumentando, e a capacidade de pagamento do país se esgotando.

Tradicionais importadores de carnes brasileiras, os venezuelanos estão fora do mercado da carne bovina. Houve aumento modesto nos volumes das compras de frango e de suíno.

Entre as importações venezuelanas no setor de alimentos brasileiros se destacam as compras de óleos vegetais, farinhas, cereais e açúcar, apontam os dados da Secex.

Se as exportações totais do setor de agronegócio se mantêm em patamar recorde, as importações tiveram forte desaceleração, provocadas principalmente pela retração nos gastos com insumos.

Impulsionados pelo estrangulamento de mercado durante a pandemia e, na sequência, pela invasão da Rússia à Ucrânia, os insumos haviam disparado de preços. Com isso, os gastos brasileiros com compras externas subiram para US$ 25 bilhões entre janeiro e junho de 2022. Neste ano, recuaram para US$ 19 bilhões, 24% a menos do que em igual período de 2022.

Do lado dos cereais, as importações de trigo caíram para 2,1 milhões de toneladas neste primeiro semestre, as menores em 26 anos. Já as compras de adubos e de agroquímicos recuaram tanto em volume quanto em gastos.

Após um primeiro semestre de 2022 em que o Brasil buscou desesperadamente por fertilizantes nos principais mercados produtores, neste ano o país importou 16,8 milhões de toneladas, 13% a menos. As importações de agrotóxicos caíram para 145 mil toneladas, 45% a menos do que de janeiro a junho de 2022.

O complexo soja, carnes e produtos florestais são os três principais itens da balança comercial do agronegócio. O país vem obtendo mais receitas com as exportações graças à colocação de um volume maior de produtos no mercado externo, uma vez que os preços médios vêm recuando.

O complexo soja, que inclui grãos, farelo e óleo, obteve receitas de US$ 41 bilhões neste ano, 8% a mais do que em 2022. O destaque foram as exportações de soja em grãos, que atingiram o recorde de 62,8 milhões de toneladas no primeiro semestre.

Entre as carnes, a bovina perdeu espaço. O volume dos seis primeiros meses recuou para 955 mil toneladas, 4% a menos. As receitas caíram para US$ 4,5 bilhões, 22% a menos.

China e Estados Unidos, maiores importadores dessa proteína do Brasil, compraram menos neste ano. Além disso, os preços médios internacionais recuaram.

O setor de aves conseguiu exportar mais, elevando o volume para 2,34 milhões de toneladas, graças ao aumento de compras da China e do Japão. Arábia Saudita e Emirados Árabes reduziram as compras.

O setor de suinocultura, com maior demanda chinesa, elevou o volume das exportações em 17%, com receitas 28% maiores. A China ficou com 241 mil das 577 mil toneladas colocadas no exterior pelo Brasil.

As receitas com o café em grão, devido à queda dos preços, ficaram 24% inferiores às de 2022. Já as de café solúvel aumentaram 11% no período.

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