Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu Rússia

Passada a pressão inicial, trigo volta a cair

Investidores aproveitaram alta para a realização de lucros

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Os preços das commodities não se sustentaram e voltaram a cair no mercado internacional. Essa queda ocorre depois da aceleração verificada na segunda-feira (24) e na terça-feira (25), provocada pelos ataques russos a infraestruturas portuárias da Ucrânia no rio Danúbio.

O trigo, o produto que se mostra o mais sensível nesse período de invasão russa no território ucraniano, havia acumulado 9% de alta na Bolsa de Chicago nas negociações de segunda e de terça.

Nesta quarta (26), no entanto, o contrato de setembro do cereal recuou para US$ 7,20 por bushel (27,2 kg), registrando queda de 5,3%.

Mesmo com a importância da Ucrânia no fornecimento mundial de trigo, os preços recuaram porque os investidores aproveitaram o patamar elevado das negociações para liquidar posições compradas e realizar lucros.

Contêiner com trigo em porto de Chrnomorsk, região de Odessa, na Ucrânia - Reuters

Internamente, a tonelada de trigo foi a R$ 1.350 no Paraná, com alta de 0,7% nesta quarta. No acumulado do mês, porém, há uma queda de 1% nos preços, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O milho, que tem acompanhado o trigo, também teve redução de preços na Bolsa de Chicago. O contrato de setembro foi negociado a US$ 5,40 por bushel (25,4 kg), com queda diária de 3,1%. A retração atual, no entanto, ainda não repõe a alta de 6,4% ocorrida após os ataques a portos e armazéns ucranianos no rio Danúbio.

No mercado brasileiro, a saca permanece em R$ 55, com queda no acumulado mensal, segundo o Cepea. Em vista do avanço da colheita do milho safrinha em praticamente todas as regiões produtoras do país, os compradores se retraem, à espera de novas quedas.

A soja pouco foi afetada na Bolsa de Chicago pelos ataques russos, mas, internamente, a oleaginosa foi a R$ 142 a saca no Paraná, com alta de 8% no mês. A pressão vem das demandas interna e externa.

O sobe e desce dos preços das commodities deve continuar. A Rússia colocou no foco dos ataques o setor de grãos, vital para as exportações ucranianas.

A guerra, que já conseguiu fazer com que a produção de grãos da Ucrânia recuasse de 85 milhões de toneladas para 40 milhões, agora afeta ainda mais o potencial de exportações dos ucranianos.

O preço das commodities sofre, ainda, as incertezas do clima nos Estados Unidos. Boa parte das áreas de produção de milho tem temperaturas bem acima da média dos anos recentes. A pressão do clima persistirá.

Na Ucrânia, o embarque de mercadorias pelos portos do Danúbio é de pelo menos 2 milhões de toneladas por mês. A lenta movimentação dos embarques e a constante ameaça russa vão reduzir esse potencial.

A guerra está afetando também os preços do arroz no Brasil, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, devido à importância do trigo e do arroz na alimentação mundial.

A dificuldade de saída do trigo da região da guerra eleva a demanda por arroz, aquecida ainda mais pela recente redução das exportações indianas, imposta pelo governo.

A saca do cereal subiu para R$ 86,7 no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, acumulando 6% no mês.

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