Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu alimentação

De olho na gripe aviária, avicultura corta produção

Setor produzirá abaixo dos 15 milhões de toneladas previstos anteriormente

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O setor de avicultura reduz a produção, se preparando para uma eventual chegada da gripe aviária às granjas comerciais. O país já registrou 79 casos da doença em animais silvestres e dois em aves consideradas como de fundo de quintal.

As estimativas iniciais do setor indicavam um volume superior a 15 milhões de toneladas de carne de frango neste ano, mas essa produção não deverá ser confirmada.

Agora a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) estima um volume entre 14,8 milhões e 14,95 milhões para 2023.

"É um plano de contingência, com um ajuste de oferta para eventual chegada da gripe aviária", diz Ricardo Santin, presidente da entidade. "O equilíbrio entre oferta e demanda é uma questão de cautela."

Essa redução se dá pela produção de animais mais leves, alojamento menor, férias coletivas e até por realinhamento de indústrias que, aproveitando o momento, pararam para ajustes internos.

Para Santin, "são decisões individuais e não temos números sobre isso. É um movimento preventivo". Algumas indústrias reduziram a oferta de carne de frango em 2%, outras em 5% e teve aquelas que realocaram a produção para outras unidades, visando, inclusive, a necessidade de um eventual direcionamento maior da produção para o mercado interno, caso haja redução nas exportações.

O setor ainda está cauteloso com os efeitos de uma eventual chegada da influenza aviária na avicultura brasileira. Existem recomendações da Organização Mundial da Saúde Animal de como os países importadores deveriam agir no caso da influenza aviária em um país produtor e exportador. As decisões tomadas por eles, no entanto, podem seguir regras próprias.

Granja em Santa Catarina - Divulgação

A dependência de produtos importados e a necessidade de proteção do mercado interno vão ser levadas em conta pelos importadores.

Santin não acredita, no entanto, em grandes rupturas. A gripe aviária se espalhou por todos os grandes produtores, e o mundo está aprendendo a conviver com ela.

A China, que fica com 15% das exportações brasileiras, continua comprando carne de frango dos Estados Unidos e da Europa, onde a doença está presente há vários anos. "Ela age de acordo com as práticas internacionais", afirma o presidente da associação.

Por isso a indústria não espera grandes mudanças dos importadores. O Brasil é o maior fornecedor mundial de carne de frango, e a exclusão do país das compras afetaria os mercados consumidores.

Sobre a situação econômica da China, Santin diz que ela perde tração, mas ainda tem um ritmo bem superior ao desempenho brasileiro. Ele não acredita em redução das exportações nacionais para os chineses, uma vez que eles deverão entrar em uma fase de menor produção nos próximos meses.

A ABPA revisou as expectativas do mercado de carne de frango nesta quarta-feira (16). As exportações, caso não ocorram interferências no mercado, como a gripe aviária, poderão chegar a 5,2 milhões de toneladas, 8% a mais do que em 2022.

De janeiro a julho, as exportações somaram 3,1 milhões de toneladas, 8,2% acima das de 2022. As receitas subiram para US$ 6 bilhões, com alta de 7,2%. O consumo per capita vai a 46 quilos neste ano, com aumento de 1,5% sobre 2022.

A entidade acredita em continuidade das exportações brasileiras porque a taxa do dólar mantém o produto nacional competitivo. Além disso, União Europeia e Estados Unidos, dois dos principais concorrentes, registraram queda nas vendas de janeiro a junho deste ano.

A produção de carne suína chega a 5 milhões de toneladas em 2023, com evolução de 1,5% sobre a de 2022. As exportações, previstas em até 1,25 milhão, devem superar em 12% as de 2022. A China, que adquiriu 253 mil toneladas até julho, se mantém líder nas importações nacionais.

Com a queda de renda e custos elevados dos alimentos, o ovo está com maior procura, segundo a ABPA. O consumo per capita sobe para 242 unidades neste ano, podendo atingir 265 no próximo. A produção aumenta para 53 bilhões de unidades, e 1% desse volume será exportado neste ano.

Ilustração no site da Associação Brasileira de Proteína Animal
Reprodução

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