Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Mesmo com queda de preços, exportações avançam

Soja em grãos lidera e já acumula US$ 50 bi em 12 meses

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Não fosse a forte queda dos preços das commodities no mercado externo, o Brasil iria superar em muito o recorde de exportações de US$ 159 bilhões do ano passado.

A soja mostra esse cenário de queda de preços, que, em julho, foram 22% inferiores aos de igual mês de 2022. Mesmo assim, as exportações da oleaginosa já acumulam US$ 38 bilhões neste ano, superando os US$ 35 bilhões de igual período do ano passado.

O aumento de divisas se deve à aceleração do volume vendido. São 73 milhões de toneladas, 20% a mais do que em igual período de 2022. Nos últimos 12 meses, o Brasil já exportou 91 milhões de toneladas de soja, com receitas recordes de US$ 50 bilhões.

Colheita de soja em plantação de Salto do Jacuí (RS)
Colheita de soja em plantação de Salto do Jacuí (RS) - Silvio Avila - 6.abr.2021/AFP

O efeito da queda internacional dos preços não deixa de ser severo também para as proteínas animais. O valor atual da tonelada de carne bovina é 28% inferior ao de há um ano. Neste mesmo período, a carne de frango recuou 13%, e a suína subiu 4%, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Mesmo assim, o avanço do volume de carne de frango colocado no mercado externo garantiu US$ 5,5 bilhões de receitas para o setor no período de janeiro a julho. Já carne bovina teve retração de 24% na receitas, que recuaram para US$ 5,1 bilhões.

Terminada a pressão de exportações de soja, os portos devem receber um volume ainda maior de milho neste segundo semestre. Até agora, já saíram 16 milhões de toneladas, mas as estimativas são de um patamar superior a 50 milhões, com o Brasil voltando a liderar as exportações mundiais temporariamente.

O preço médio do cereal em julho, em relação a igual mês do ano passado, teve retração de 11%, segundo a Secex. Apesar da queda, as receitas atingiram US$ 1 bilhão no mês passado, elevando o acumulado do ano para US$ 4,5 bilhões, 52% a mais do que em 2022.

O Brasil ganha espaço no mercado externo em soja e em milho devido à supersafra obtida no país, ao contrário de outros grandes produtores que tiveram quedas provocadas por sérios problemas climáticos. A safra brasileira de soja atingiu o recorde de 156 milhões de toneladas, e a de milho poderá ficar próxima dos 136 milhões.

Outros dois pontos negativos das exportações são algodão e café, que também estão com preços em queda. Em julho, os preços de negociações do algodão foram 25% inferiores aos de há um ano, segundo a Secex.

A queda de preços ocorre também nos insumos importados, o que ameniza o peso no bolso dos produtores. O adubo teve redução média de 58% nos valores de julho, em relação aos do ano passado, e os gastos acumulados do setor recuaram 49% nos sete primeiros meses deste ano.

As despesas com importações de agroquímicos caíram 35%. Além de uma redução média de 7% nos preços de julho, o país importou um volume 43% inferior ao de janeiro a julho de 2022.

Recorde no milho A safra 2022/23 de milho deverá atingir 139 milhões de toneladas, um volume não imaginável até pouco tempo. Os dados são da consultoria Stonex, que engordou sua previsão anterior com base nas perspectivas de uma melhora na safrinha e na terceira safra.

Preços Após queda de 3,14% no mês passado, a saca de milho inicia agosto com leve recuperação. As negociações na região de Campinas (SP) ocorreram a R$ 53,75 nesta terça-feira (1º). Em Chicago, o contrato de setembro caiu 1,4%.

Soja Os analistas da Stonex confirmam também o recorde de soja em 2022/23 no patamar de 158 milhões de toneladas e preveem 163 milhões para a 2023/24.

Soja 2 As exportações da safra 2022/23 deverão atingir 98 milhões de toneladas, e as de 2023/24, 104 milhões, segundo cálculos da consultoria.

Caminho de volta O preço do leite voltou a cair no campo no mês passado. O valor do litro ficou 6% inferior ao de maio e 22% abaixo do de junho de 2022, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

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