Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Clima eleva quebra de safra de grão para 18 milhões de toneladas

A boa notícia é que as colheitas de arroz e de trigo se recuperam, aponta Conab

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O clima voltou a afetar fortemente o desenvolvimento das lavouras de grãos no mês passado, e a produção nacional ficará abaixo dos 300 milhões de toneladas neste ano, após ter atingido 320 milhões em 2023.

Com base nos novos números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgados nesta quinta-feira (8), a quebra de safra, em relação ao potencial inicial estimado em outubro, já é de 18 milhões de toneladas.

Colheita de soja em Canarana (MT).
Colheita de soja em Canarana (MT). - Mauro Zafalon/Folhapress

Dois produtos se destacam nessa redução de produção: soja e milho. Maior produtor nacional, Mato Grosso está sendo o mais afetado pelas adversidades climáticas. A quebra da produção de soja no estado é estimada, por ora, em 7 milhões de toneladas abaixo do potencial inicial previsto.

O Rio Grande do Sul, estado que vinha tendo pesadas quebras de produção nos anos recentes, devido ao clima irregular, aumentará em 12 milhões a oferta da oleaginosa nesta safra, compensando boa parte da quebra nacional.

O Paraná, que tinha expectativas de boa safra, entra na lista de quebras e cede o posto de segundo maior produtor nacional, ocupado no ano passado, para o Rio Grande do Sul. Os paranaenses, com perspectivas iniciais de 22,4 milhões de toneladas, terão 3 milhões a menos.

Nos números da Conab, a retração da produção de soja já é de 13 milhões de toneladas, em relação às previsões de novembro do ano passado. O volume total do país deve recuar para 149,4 milhões, após ter atingido um recorde de 155,6 milhões em 2023.

Embora o El Niño esteja perdendo forças, algumas regiões, inclusive a do Rio Grande do Sul, precisam ainda ser observadas com cautela, segundo o órgão.

Outro ponto de atenção é a segunda safra de milho, que vem sendo semeada após a colheita de soja. Preços baixos, atrasos no plantio e na colheita de soja em várias regiões, o que faz o produtor perder o tempo ideal de plantio, e as incertezas do clima deixam o agricultor apreensivo.

A Conab, que previa um potencial de produção de 91 milhões de toneladas neste inverno, reduziu a estimativa de milho para 88 milhões neste quinto acompanhamento de safra. Se confirmado, esse volume fica 14% inferior ao recorde de 2023, quando o país colheu 102 milhões de toneladas nesse período do ano.

Conforme os novos dados, o país deverá somar 114 milhões de toneladas de milho nas três safras que faz, abaixo dos 132 milhões do ano passado.

As boas notícias ficam por conta de arroz e de trigo, cereais que voltam a ter uma produção maior neste ano. No caso do arroz, devido aos bons preços, o produtor aumentou a área de plantio, e a produção sobe para 10,8 milhões de toneladas.

O trigo, afetado por excesso de chuva na colheita do ano passado, principalmente no Rio Grande do Sul, deverá atingir 10,2 milhões de toneladas nesta safra, conforme a primeira previsão da Conab. No ano passado, foram 8,1 milhões.

O feijão tem aumento de área, mas a queda na produtividade resultará em um volume menor à disposição do consumidor.

Soja e milho, que têm quebra de safra, e arroz e trigo, com volume maior, representam 95% de toda a produção de grãos do país.

Apesar dessa retração na produção total de grãos, os estoques finais de produtos básicos não serão afetados e manterão patamares próximos aos de 2023.

Os estoques de arroz serão suficientes para 70 dias; os de feijão, para 51; os de trigo, para 27, e os de milho, para 28. Os dados levam em consideração as estimativas de consumo e de sobra de cada produto feitas pela Conab.

Várias consultorias já apontam uma safra de soja abaixo dos 150 milhões de toneladas, um número bem distante dos 169 milhões previstos inicialmente por uma delas.

Com a quebra de safra, principalmente a de soja, o país interrompe o ciclo de altas nas receitas obtidas com as exportações do agronegócio. No ano passado, elas atingiram o recorde de US$ 167 bilhões.

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