Uma carta inédita de Guimarães Rosa ao crítico literário Paulo Rónai, por quem tinha forte afeição, mostra o escritor se dispondo a explicar algumas das “palavras apenas mágicas” contidas na sua novela “Campo Geral”.
Rosa afirma que, nas respostas, "você tem só o resíduo lógico, isto é, o que pode ser mais ou menos explicado, de expressões que usei justamente por transbordarem do sentido comum, por dizerem mais do que as palavras dizem; pelo poder sugeridor".
Por exemplo: “9- neno: menino pequeno, de colo.” “29- tirado por tino: deduzido, tido uma ideia”; “40- por uma aguinha branca: de maneira alguma, nem de leve”; “42- vesprando: fazendo véspera, se aproximando, chegando”; “86- uma poia: xingamento tradicional, em Minas, não sei o que significa, mas é considerado muito feio e ofensivo”.
Ele adianta ainda, na correspondência de 1967, que tinha acabado de entregar à editora José Olympio um recém-finalizado “Tutameia”.
Essa carta, do acervo da família de Rónai, não integra o novo livro “Rosa e Rónai”, que está saindo pela Bazar do Tempo. Mas a obra traz vários ensaios deste que foi um dos principais intérpretes da literatura rosiana.
FORMAÇÃO A Boitempo chega aos 25 anos lançando um clube de leitura das obras publicadas pela casa, chamado Armas da Crítica. A editora vai enviar lançamentos antecipados aos assinantes, com o objetido de fomentar “uma biblioteca para interpretar e transformar o mundo”.
OLHAR PARA DENTRO Uma das apostas de outubro da Sextante é “O Corpo Guarda Marcas”, best-seller sobre estresse pós-traumático do pesquisador holandês Bessel van der Kolk. O psiquiatra discute como o trauma reformula o corpo e o cérebro num livro que, no Brasil do coronavírus, vai ter tiragem inicial de 8 mil exemplares.
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