Jornalista e escritor, com humor e prosa. É autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha", entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Também mantinha um blog no site da Folha.
Confederados, uni-vos
Os motivos para ir às ruas são variados, são outros, mas o importante é que fomos, estaremos.
A coincidência é que é bonita e vale a lembrança.
Somos todos confederados de 1824, no Nordeste, óbvio.
Sempre o Nordeste como vanguarda histórica brasileira.
Triste de que nos vê como atraso, pobres de alma, deixa quieto, o Nordeste inventou a ideia de Brasil.
O Nordeste que aguentou a porrada das invasões estrangeiras etc. etc. etc.
Copa das Confederações, no que me leva, inconscientemente, para outra parada, siga comigo nessa viagem.
Confederação do Equador, viva Frei Caneca e outros heróis autonomistas que, muito aquém do lacrimogêneo e do gás pimenta foram fuzilados, sem direito estrebuchar nas redes sociais, pelo reinado coxinha da época.
Agora é muito fácil.
Sim, no mundo moderno em que vivemos tudo, principalmente o tempo de partido, tudo já nasce velho.
A história, porém, é sempre nova, é sempre a mesma de antigamente, com cheiro de rua e cheiro de coentro de peixada.
Salve os antigos e novos mascates que enfrentam os liberais gabirus e deram na grande revolta.
Jovem, ao Google ou aos livros de história, o que foi feito na rua é bonito, mas é até preguiçoso e careta diante de anteontem.
Desculpa, isso é apenas provocação, se você entra com a senha a gente entrava com o pescoço mesmo.
Sejamos homens de boa vontade, sem essa de sustinho-Fifa etc e coisa e tal.
Protestemos e façamos as copas todas.
Vimos uma coisa linda ultimamente.
O futebol, ao contrário do que pensávamos, jamais será o ópio do povo.
Pode ser tudo junto e misturado.
O futebol não ficou à margem.
Se até o público que pagou horrores está reclamando, imagina a rafaméia de verdade.
Confederados de Frei Caneca, uni-vos.
Lembrando, antes de tudo, a Insurreição Pernambucana de 1817, cinco anos antes do grito do Ipiranga.
Lições de vanguarda, lições para não ficar calado.
Pelo combo Caneca/Hakim Bey, zonas autônomas da existência, sem cair nesse patriotismo babaca de ficar por ai na crença do gigante acordado.
Acordar pra fazer o quê mesmo?
Que o gigante seja apenas o Hulk e sua melancolia clorofilada.
Pra cima deles, Neymar Jr.
@xicosa
xico.folha@uol.com.br
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