Futebol. Eu sei. Estamos, justificadamente, obcecados com isso. O Brasil vai bem na Copa do Qatar, disputa nesta sexta (9) as quartas de final. Nem por isso relaxamos no jogo contra a Coreia do Sul. Honestamente, eu já estava tenso desde sábado passado, quando fui entrevistar o ator Park Hae-soo.
Encontrei o astro de "Round 6", a série de maior sucesso até hoje na Netflix, na última edição do CCXP, a grande festa do entretenimento em São Paulo. Ele veio falar dessa história que protagonizou e também do seu novo trabalho, a versão coreana de "La Casa de Papel".
Quando cheguei ao evento, foi como se eu tivesse entrado numa outra frequência, longe de todo esse frege da Copa do Mundo. Ou, ainda, como se eu tivesse embarcado para destinos distantes do nosso planeta, às vezes na distância, às vezes no tempo.
Antes de encontrar Hae-soo, tive bastante tempo de passear pelos estandes ultrassofisticados que as grandes empresas de entretenimento montaram naquele enorme espaço. E, de carona no carro da Barbie a tronos usurpados, tive a chance de viver outras aventuras.
Não que eu seja um grande fã do gênero "fantasia". "Game of Thrones", por exemplo, eu só comecei a ver na quarta temporada, quando já era um fenômeno pop inevitável. Estou esperando um pouco também para mergulhar em "A Casa do Dragão", inseguro de que quero voltar mesma para Westeros, o cenário de ambas as sagas.
Mas eu era certamente uma exceção naquele evento. Circulando por lá, dezenas de milhares de pessoas estavam justamente procurando o que em turismo alguns chamam de destinos exóticos.
E comecei a pensar em como esses lugares imaginários são capazes também de nos levar numa viagem. A força dessa cultura pop na CCXP é tamanha que eu não duvidaria de que boa parte daqueles visitantes preferia "habitar" aqueles destinos.
De Avalônia (do novo filme de animação da Disney, "Mundo Estranho") a Pandora (para onde logo vamos voltar em "Avatar: O Caminho das Águas"), todas as visitas eram possíveis para quem estivesse a fim de acreditar. Eu mesmo, pelo menos por alguns momentos, me entreguei a vários deles.
E não pude deixar de fazer a conexão com os roteiros que sempre comentamos neste espaço, todos eles uma forma de escapismo. Que ninguém duvide: eu jamais trocaria um destino de verdade por um imaginário. Mas tive de pensar na possibilidade de essas serem também uma grande viagem para milhões de pessoas.
Falando nisso, a minha série favorita atualmente é sobre turistas numa rede de hotel de luxo fictícia, "White Lotus" (HBO). A primeira temporada, do ano passado, se passava no Havaí, e a atual se desenrola na Sicília.
Nas duas locações, turistas viajam a lugares paradisíacos mas esquecem de deixar em casa seus problemas. O resultado é... desastroso; por vezes, engraçado.
Mas trata-se de histórias que acontecem em lugares reais, como a estupenda cidade de Taormina, na temporada atual. Será que dia chegaremos mesmo a abrir mão de visitar de perto esses destinos?
Pela sedução da CCXP, os criadores de história estão se esforçando com afinco para que isso seja realmente uma opção. E talvez não demore muito para toda uma geração achar que o mundo estranho não é aquele feito de pixels, mas de rocha, água, plantas e areia.
Uma transição que a própria Coreia do Sul está ajudando a tomar forma. Falei sobre isso com Park Hae-soon, que é parte desse movimento batizado de "Hallyu", a onda pop coreana. E, claro, ele fica feliz de fazer parte disso.
Ah, se eles fossem tão bem sucedidos assim no futebol... Croácia, aguarde!
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.