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Betty Meggers (1921-2012) - 'Mãe' da arqueologia amazônica
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CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
A "mãe" da arqueologia amazônica, Betty Meggers, morreu na última segunda-feira aos 90 anos nos EUA.
A arqueóloga revolucionou o conhecimento sobre os povos indígenas do Brasil antes de Cabral ao realizar, a partir de 1948, as primeiras escavações sistemáticas na ilha de Marajó (PA).
Trabalhando com o marido, Clifford Evans, a cientista da Smithsonian Institution mostrou que os povos da foz do Amazonas desenvolveram uma cultura material complexa, com cerâmicas elaboradas. Isso provavelmente era resultado de ocupações densas, diferentes da baixa densidade demográfica das aldeias indígenas atuais.
Meggers, porém, propôs que essa relativa complexidade era resultado de migrações dos Andes, que fracassaram por causa da pobreza do ambiente amazônico.
Essa tese, que Meggers delineou em 1971 no livro "Amazônia: A Ilusão de um Paraíso", dominou a antropologia amazônica até os anos 1980.
Foi quando uma conterrânea, Anna Roosevelt, então na Universidade de Chicago, começou a escavar em Marajó e outras áreas do Pará. E propôs que a complexidade social amazônica tinha surgido lá mesmo. O debate durou até a morte de Meggers.
"Ela perdeu essa guerra de corações e mentes por causa de sua rigidez", diz o arqueólogo Eduardo Neves, da USP.
Pesquisas nos últimos anos têm sugerido que algumas das ideias de Meggers sobre o povoamento da Amazônia não estavam tão erradas assim.
Também lhe pareciam injustas acusações feitas por brasileiros de que sua pesquisa era neocolonialista.
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