A seleção paulista de basquete disputava um torneio na Holanda no final de 2000, mas o clima do jogo não combinava com o Natal.

Quando as duas maiores massas da quadra entraram em atrito e o quebra-pau começou, o ala Renato Lamas teve que se esconder atrás de uma lata de lixo. A briga tinha esfriado quando a cabeça de Fabião, seu protagonista, apareceu por cima do escudo: "Pô, no lixo?", gargalhou.

Era baixo para um pivô (não chegava a dois metros), mas dono de uma força acima da média. Seu pai, Luís Faustino Pires, deteve o cinturão brasileiro dos pesos pesados durante 22 anos, e ele próprio praticou boxe na adolescência.

Apesar do episódio, engana-se quem pensa que o atleta era um brutamontes encrenqueiro. Fabião era dócil e agregador. "Ele fazia questão de fazer amizade de cara, porque sabia que aquela presença corporal intimidava", diz Rafael Bábby, com quem jogou no Mogi das Cruzes.

Despontou no Ribeirão Preto no começo dos anos 2000, num time de jovens que quase foi campeão da Liga Nacional. Tinha bom passe e bom aproveitamento nos rebotes.

Passou por times tradicionais do Estado de SP, como o Franca e o Pinheiros, e também teve incursões nas ligas chilena e equatoriana.

Aposentou-se em 2014, após lesionar o joelho. Sentia-se cansado e desvalorizado.

Viveu seu auge num período em que o esporte não pagava bem, mas tinha carro e casa própria. Recentemente, trabalhava em uma transportadora em São Bernardo (SP).

Morreu no dia 28, aos 40, vítima de um infarto. Deixa a mulher, grávida, e dois filhos.

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