Segurança Pública não vai cair "no colo da União", diz Torquato

Para ele, novo Ministério não transfere problemas para governo federal

Talita Fernandes
Brasília

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse neste domingo (18) que a criação do Ministério da Segurança Pública, anunciada no sábado pelo presidente Michel Temer, não significa que o governo federal assumirá sozinho as dificuldades das unidades federativas.

"Criar um Ministério da Segurança Pública não é colocar no colo da União problemas que são dos Estados. É compartilhar experiências, compartilhar recursos, informações, inteligência", disse, explicando que a nova pasta significa um trabalho de cooperação.

Ele afirmou que ainda não há definição sobre o titular do Ministério, mas que será escolhido alguém que tenha interlocução política e que converse com os governos estaduais.

Questionado sobre se o Ministério da Justiça será esvaziado com a transferência da Polícia Federal para a nova pasta, ele nega. "Não, atualmente o Ministério da Justiça tem 17 secretarias. Vou continuar com a Funai e a Funai é um mundo em si mesmo, e também com a questão migratória, mais a questão de direito econômico, com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mais do direito do consumidor. Muita tarefa continua e, além do mais, pela própria natureza dos ministérios o trabalho sera conjunto."

Torquato não quis comentar as declarações feitas recentemente pelo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, de que um inquérito no qual Temer é investigado deve ser arquivado. O delegado foi intimado a dar explicações sobre sua fala pelo ministro Luís Roberto Barroso, que agendou depoimento para esta segunda-feira (19).

Ao lado de Segovia e do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), Torquato anunciou o envio de 36 homens da PF para atuarem na inteligência no Ceará em uma ação de combate ao crime organizado.

Ele disse que a ação não tem semelhança à intervenção federal anunciada na última semana por Temer na segurança pública do Rio de Janeiro.

Mas sinalizou que o governo deve atender pedidos de socorro de outros Estados. "O que vier o governo federal assistirá, responderá na extensão e sua responsabilidade federal e da capacidade operacional e do limite de orçamento. Este é o compromisso do governo temer. Vamos estar onde necessário com a força possível. O crime é nacional e nenhum Estado pode combatê-lo sozinho."

O ministro evitou comentar sobre um novo decreto para detalhar a intervenção no Rio. "Nós não vamos detalhar no decreto de conversão que será feito, porque aí é entregar o ouro ao bandido", disse.

Torquato comentou ainda uma tentativa de rebelião que aconteceu neste domingo em um presídio da baixada fluminense. Ele disse ser previsto haver reações à intervenção federal no Estado. "É natural que haja um desafio no primeiro momento. Natural que o crime organizado teste a capacidade de operação das forças federais", afirmou.

O ministro afirmou ainda que acredita que o governo está preparado enfrentar novas tentativas de rebelião.

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