Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Após chacina, homem morre em operação do Bope na Rocinha

Segundo a PM, homem morreu em confronto com agentes de segurança

Rio de Janeiro

Após um fim de semana violento na favela da Rocinha, na zona sul do Rio, mais um homem morreu no local, na manhã desta segunda-feira (26), em confronto com policiais.

De acordo com a Polícia Militar, policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) faziam patrulhamento numa região da favela conhecida como 199 quando foram recebidos a tiros por criminosos. Ao revidar, atingiram e mataram um homem. 

Foto mostra fuzil apreendido com um suspeito que morreu ao ser baleado por homens do Bope na Rocinha
Fuzil apreendido com um suspeito que morreu ao ser baleado por homens do Bope na Rocinha, segundo a PM - Divulgação/PM

Segundo o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas e portava um fuzil calibre 5,56, que foi apreendido. A Rocinha tem reforço no patrulhamento desde setembro de 2017, quando irrompeu ali uma disputa entre as facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos pelos pontos de venda de droga.

No período, 48 pessoas foram mortas pela polícia em supostos confrontos. Patrulham a favela cerca de 550 policiais por dia, oriundos da UPP Rocinha, do 23º batalhão e do Comando de Operações Especiais.

CHACINA

No último sábado (24), uma operação da PM terminou com oito mortos na Rocinha. Seis vítimas foram baleadas em confronto e dois corpos foram deixados por moradores na passarela na entrada da favela.

A chacina foi registrada durante uma operação da Polícia Militar realizada ao final de um baile funk na região da comunidade conhecida como Roupa Suja.

O Batalhão de Choque disse que criminosos atiraram contra os agentes iniciando o confronto. Familiares das vítimas, por sua vez, dizem que os PMs chegaram atirando a esmo na saída do baile, embora reconheçam que havia alguns criminosos no local.

Esta foi a ação mais violenta da polícia desde o início da intervenção federal na segurança pública do estado e ocorreu dois dias após a morte de um PM na Rocinha. 

Segundo a Polícia Civil, sete dos oito mortos foram identificados. O Batalhão de Choque afirmou ainda que foram apreendidos na ação um fuzil, seis pistolas e duas granadas. 

CRISE

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 30 PMs foram assassinados no estado —foram 134 em 2017.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu —estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

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