Doria cancela ida a evento alvo de protesto contra reforma da previdência

Presença foi divulgada três vezes pela gestão, mas prefeito não compareceu

Guilherme Seto
São Paulo

O prefeito João Doria (PSDB) não apareceu em um evento em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, após sua presença ter sido divulgada em diferentes canais por meio da própria prefeitura. O local do evento para a inauguração da primeira unidade do 'Poupatempo Municipal' ficou lotado de servidores públicos protestando contra o projeto de reforma da previdência elaborado pela gestão Doria.

Os servidores entoavam gritos contra o prefeito, como “Fora, Doria” e “pior prefeito do mundo, viaja um pouquinho, descansa um pouquinho, ferra todo mundo”.

A presença de Doria no evento foi divulgada em três vias pela municipalidade: em cartaz divulgado pela prefeitura regional de São Miguel Paulista nas redes sociais, em comunicado à imprensa enviado pela Secretaria de Inovação e Tecnologia e por meio de mensagem enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura aos jornalistas menos de uma hora antes do evento. Na sequência, meia hora depois, a assessoria do prefeito disse ter ocorrido uma confusão na agenda e que Doria não compareceria.

Procurada pela Folha, a prefeitura enviou nota em que afirma que "a assessoria de imprensa errou ao tratar como certa a presença do prefeito no evento sem ter recebido a confirmação da equipe responsável pela agenda".

O Descomplica SP vai ofertar 350 serviços da administração paulistana, como emissão de carteira de trabalho, comprovante de alistamento militar, segunda via de IPTU, solicitação de Bilhete Único, segunda via de RG e de carteira de motorista, entre outros. A prefeitura estima que cerca de 1.700 pessoas serão atendidas por dia.

Convite para evento com prefeito João Doria em São Miguel Paulista, na zona leste
Convite para evento com prefeito João Doria em São Miguel Paulista, na zona leste - Divulgação

Nesta sexta-feira (23), o prefeito chega ao terceiro dia de agenda fechada, o que foge ao seu estilo, marcado por seguidas aparições durante um mesmo dia, com entrevistas e eventos dentro e fora da prefeitura. Em março, por exemplo, apenas no dia 16 o prefeito havia permanecido dia todo no gabinete.

O período mais reservado do prefeito acontece na sequência de três polêmicas que atingem sua gestão: as três mortes que aconteceram em consequência das chuvas desta semana; a demissão da diretora da Ilume, Denise Abreu, após divulgação de gravações de conversas sobre a licitação bilionária da PPP (Parceria Público Privado) da iluminação pública; e a revelação, pela Folha, de que o comandante geral da Guarda Civil Metropolitana, Carlos Alexandre Braga, recém-nomeado por Doria, é réu em caso de desvio de dinheiro.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Os servidores municipais têm feito grandes manifestações para pressionar os vereadores e a prefeitura a desistirem do projeto de reforma da previdência, que prevê o aumento de alíquota de contribuição dos funcionários de 11% para 14%.

O primeiro dos atos em frente à sede da Câmara Municipal, no centro da cidade, terminou em confronto com a Polícia Militar, com bombas de gás e tiros de borracha sendo disparados contra os manifestantes. Uma professora teve o nariz quebrado por um guarda civil.

Aliados do prefeito na Câmara se organizam para fazer a primeira votação do projeto de lei na próxima semana, a partir de terça-feira (27).

Em relatório adiantado pela Folha, o Tribunal de Contas do Município aponta supostas inconstitucionalidades e falhas técnicas e jurídicas do projeto elaborado pela prefeitura.

Os professores estão em greve desde 8 de março, e mais de 90% das escolas da rede municipal são afetadas.

A gestão Doria tem argumentado que a aprovação da reforma da previdência é fundamental para a saúde financeira do município.

Segundo cálculos da prefeitura, o déficit da previdência chegará a R$ 20,8 bilhões em 2025 caso a reforma não seja feita. Em menos de sete anos, afirma, o Orçamento total da administração será tomado por gastos obrigatórios.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.