Luiz Garcia foi foca da Tribuna da Imprensa quando tinha 17 anos. Tímido, logo percebeu que não levava jeito para a reportagem. "Era uma porcaria de repórter. Então, eu me refugiava no texto para compensar minhas deficiências na apuração" disse numa entrevista em 2005.
A descoberta precoce da vocação gerou um dos mais importantes textos da imprensa brasileira.
Jornalista do jornal O Globo entre 1974 e 2015 (teve também uma rápida passagem em 1961), Garcia se notabilizou como editor de opinião e pela crítica diária sobre o que era publicado no jornal.
Inicialmente intitulada "Algumas observações sobre o jornal de hoje", a resenha logo passou a ser chamada apenas de "Algumas". Originalmente restrita à Redação, passou a ser publicada na edição impressa a partir de 1999.
A experiência adquirida ao longo dos anos (também trabalhou em O Estado de S. Paulo e na revista Veja) e a compreensão do ofício fez do seu nome o mais adequado para conceber o "Manual de Redação e Estilo" do jornal, lançado em 1992.
Além de também ter sido responsável pelo programa de estágio da publicação carioca, fazia o controle de qualidade dos textos dos colegas.
"Ele era uma referência dentro do Globo. Tirava dúvidas dos repórteres, quando os editores tinham alguma ideia iam até ele para compartilhá-la" diz Aluizio Maranhão, que o sucedeu na chefia de editoria de opinião em 2001, quando Garcia passou a se dedicar à sua coluna.
Morreu na terça-feira (3), aos 81, após uma parada cardiorrespiratória. Também padecia do mal de Alzheimer. Deixa mulher e dois filhos.
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