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Secretário da Segurança, general critica vazamento sobre morte de Marielle

Para militar, investigação é afetada e vidas são colocadas em risco no Rio

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Vereadora Marielle Franco em sessão na Câmara do Rio
Vereadora Marielle Franco em sessão na Câmara do Rio - Renan Olaz - 15.fev.17/CMRJ/Divulgação
 
Rio de Janeiro

O general Richard Fernandez Nunes, secretário da Segurança Pública do Rio, criticou o vazamento de informações sobre as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Segundo revelou o jornal O Globo, uma testemunha disse à polícia que o crime foi planejado pelo vereador Marcello Siciliano (PHS) e pelo ex-PM Orlando Oliveira de Araújo (hoje preso acusado de chefiar uma milícia).

Ambos negam qualquer envolvimento no assassinato. O vereador chamou o depoimento de "totalmente falso".

Em entrevista à rádio CBN nesta sexta-feira (11), ele classificou de "nefastos" os vazamentos de detalhes da investigação, tocada sob sigilo pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil. De acordo com ele, o vazamento retarda as investigações e coloca vidas em risco. "Esse vazamento foi nefasto porque, de certa forma, nós trabalhávamos, sim, com esses dados para podermos, com inteligência, produzir provas necessárias para indiciar os autores desse crime."

"Quando surge um vazamento como esse, temos que reorientar nossa estratégia de investigação. Isso nos causa um retardo", disse ele.  

Polícia simula condições do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
Polícia simula condições do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes - Ricardo Borges/Folhapress

O crime ocorreu em 14 de março. O carro em que estava Marielle foi atingido quando ela voltava para casa. A vereadora era conhecida por denunciar abusos de policiais e milicianos no estado. 

Na prática, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil, assim, respondem diretamente aos interventores, e o general Richard foi nomeado secretário. 

Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento como testemunha —entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle atuou.

Segundo o jornal O Globo, a testemunha, que prestou três depoimentos à polícia em troca de proteção, trabalhou para um grupo paramilitar e passou detalhes de datas, horários e locais de reuniões nas quais o vereador e o ex-policial teriam planejado o crime. As incursões política de Marielle na Cidade de Deus, área na zona oeste fora do controle de milícias, teria provocado a reação do vereador e do ex-PM, segundo a testemunha. 

Ainda de acordo com o jornal, a testemunha disse que presenciou quatro conversas entre o vereador e o miliciano (na época em que este estava foragido) e forneceu nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para matar Marielle. Ele disse à polícia que, no carro dos assassinos, havia um policial militar do 16º batalhão (Olaria), um ex-PM da Maré e outros dois homens.

Nesta quinta-feira (10), a polícia fez uma reconstituição do crime. A simulação durou cerca de cinco horas, e os policiais chegaram a disparar com munição letal para confirmar a dinâmica do ocorrido. A simulação é feita para que a polícia consiga reunir mais provas, já que o crime não foi registrado por nenhuma das câmeras de segurança e trânsito da região do crime, no bairro do Estácio, centro do Rio. 

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