Ex-auditor fiscal suspeito de envolvimento na máfia do ISS é preso em SP

José Rodrigo de Freitas, conhecido como rei dos fiscais, estaria obstruindo as investigações

Fachada da prefeitura de São Paulo
Fachada da prefeitura de São Paulo - Robson Ventura/Folhapress
Ricardo Hiar
São Paulo

A Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta (21), em São Paulo, o ex-auditor fiscal da prefeitura de São Paulo José Rodrigo de Freitas, 57, suspeito de participar do esquema que ficou conhecido com a máfia do ISS (Imposto Sobre Serviço) na capital paulista.

A 27ª vara criminal pediu a prisão preventiva após verificar que o acusado não estava cumprindo determinações judiciais que bloquearam seus bens. Freitas teve imóveis sequestrados pela Justiça, mas estaria burlando os bloqueios para continuar usufruindo do patrimônio. Ele ainda teria ao menos R$ 600 mil não declarados em nome de terceiros.

De acordo com Roberto Bodini, promotor do Gedec (Grupo Especial de Delitos Econômicos) do Ministério Público, o acusado teve 68 imóveis bloqueados por decisão judicial, a partir de uma ação civil pública, mas estava fraudando a determinação.

“Ele continua usufruindo desse patrimônio, recebendo alugueis e tem investimentos em nome de laranjas, que o dariam liquidez para fugir”, explicou.

Bodini diz que a promotoria pediu a prisão porque manter Rodrigues em liberdade colocaria em risco as investigações.

O auditor fiscal é acusado de enriquecimento ilícito, por meio de um esquema no qual fiscais cobravam propina em troca de descontos na cobrança do imposto de serviços.

Segundo Bodini, o auditor preso nesta quinta recebia um salário de cerca de R$ 21 mil por mês, mas acumula um patrimônio comprovado que ultrapassa os R$ 50 milhões.

Somente entre 2003 e 2009, José Rodrigo de Freitas teria recebido mais de R$ 1,7 milhão da Universidade Nove de Julho. Os pagamentos foram realizados para que a instituição não tivesse a imunidade tributária cassada.

O reitor da universidade, Eduardo Storópolo, e o pró-reitor administrativo adjunto, Marco Antonio Malva, foram denunciados por corrupção pelo Gedec, enquanto Freitas deve responder por lavagem de dinheiro e fraude da administração pública.

A prisão preventiva do ex-auditor deve ser mantida enquanto durarem as investigações. “Ele não respeitou outras ações da Justiça, e se não for tirado de circulação vai continuar fraudando”, afirmou Roberto Bodini.

A reportagem entrou em contato com a Uninove e com o advogado de Freitas, mas não obteve retorno até a publicação.

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