Descrição de chapéu Obituário Sheila Alice Gomes da Silva (1981 - 2018)

Mortes: Acadêmica engajada, estudou origem afro de bairro em SP

Moradora de Guaianases fez estudo sobre população negra em área da zona leste

Ricardo Hiar
São Paulo

A paulistana Sheila Alice Gomes da Silva dizia que a educação tinha o poder de transformar vidas, por isso era muito comum vê-la motivando pessoas a estudarem e acreditarem em si.

O gosto pela educação e a vontade de ajudar o próximo eram características marcantes da jovem, que nasceu e cresceu em Guaianases, bairro da zona leste de São Paulo. Filha de professora, conheceu o ambiente escolar bem cedo e aos cinco já sabia ler. 

Sheila não parava. O fato de ser mulher, negra, pobre e da periferia nunca a fizeram duvidar e lutar por seus sonhos. Fez teatro e escreveu peças, cantou na igreja que frequentava (a Batista), aprendeu a jogar xadrez e viajou por vários países. Bem humorada e otimista, tinha muitos amigos. 

Ela cursou administração na Faculdade Zumbi, e descobriu uma paixão pela história da África. Concluiu a graduação, mas não demorou a migrar para o curso de história na PUC. Chegou a ir para Angola a fim de conhecer melhor a cultura afro. Motivada pelos professores, ingressou também no mestrado, e teve vasta produção acadêmica.

Nesse processo passou por uma experiência que considerou libertadora: parou de alisar o cabelo e assumiu o crespo. Quanto mais estudou sobre os negros, mais Sheila se percebeu como afrodescendente e lutou pelo resgate da cultura e história desse povo. 

Foi assim que conquistou o título de mestre, com a nota dez, ao apresentar dissertação "Negros em Guaianases: cultura e memória". Nele ela retratou parte da origem da população negra do bairro da zona leste.

Ela queria publicar um livro com sua pesquisa, abrir um memorial afro na região onde nasceu e concluir o doutorado, mas não teve tempo. Morreu subitamente no dia 15, aos 36, devido a um tromboembolismo pulmonar. Deixa os pais e duas irmãs.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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