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Policiais de MG são presos após envolvimento em tiroteio com policiais de SP

R$ 14 mi em dinheiro falso foram apreendidos em confronto que deixou 2 mortos em outubro

Alfredo Henrique
São Paulo | Agora

Três policiais civis de Minas Gerais que trocaram tiros com policiais paulistas, em 19 de outubro em Juiz de Fora (MG), foram presos nesta segunda-feira (12). O tiroteio ocorreu durante uma transação ilegal envolvendo cerca de R$ 14 milhões em dinheiro falso.

Segundo a gestão Fernando Pimentel (PT), foram presos os investigadores Marcelo Matolla de Resende, 45, e Leonardo Soares Siqueira, 43, além do escrivão Rafael Ramos dos Santos, 30. Os três foram encaminhados para a Casa de Custódia, em Belo Horizonte. A defesa deles não foi encontrada. 

Os policiais haviam sido indiciados por prevaricação (crime cometido por funcionário público quando ele deixa de praticar sua função para atender a interesse pessoal). O motivo da prisão, no entanto, não foi informado —o caso está em segredo de Justiça. 

Durante o tiroteio, o investigador de Minas Rodrigo Francisco, 39, morreu. Jerônimo da Silva Leal Júnior, 42, dono de uma empresa de segurança, foi baleado e morreu seis dias depois. Dois investigadores e dois delegados paulistas já estavam presos.

Os policiais paulistas foram até Minas para realizar uma “escolta vip” ao empresário Flávio de Souza Guimarães. Ele saiu de São Paulo em um avião particular para realizar um "negócio milionário". No voo, estava acompanhado de um delegado da polícia de SP, dos empresários Roberto Uyvare Júnior e Jerônimo da Silva Leal Júnior e de seu advogado.

Uyvare Júnior, segundo a Justiça mineira, atua como representante de empresas no exterior.

Flávio Guimarães prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil no dia 22 de outubro. Nele, negou que tivesse objetivo eleitoral, assim como também negou que tenha levado dólares para Minas para serem trocados por reais. Alegou que foi a Juiz de Fora para pegar um empréstimo.

"O declarante nega, de forma veemente, qualquer vinculação dos fatos aqui narrados com atividade político-partidária de qualquer espécie ou viés, refutando especialmente alegação sentido de caixa dois eleitoral", diz trecho do depoimento do empresário, após questionado sobre isso.

Segundo a Folha apurou, a cúpula da Segurança Pública não acredita nessa versão de empréstimo, tanto  que classifica como criminoso ato praticado pelos nove policiais civis que participaram da escolta do empresário até lá. O empresário disse ainda que pagou R$ 30 mil pelo serviço de escolta, por temer ser alvo de eventual sequestro em Juiz de Fora.

As apurações conduzidas pela polícia mineira indicam até agora que as malas de dinheiro seriam transportadas para São Paulo, mas só não foram porque, durante a negociação, os empresários paulistas desconfiaram de golpe –de que parte do dinheiro (notas de R$ 100) era falsa. Isso deu início à troca de tiros, já que policiais civis de Minas acompanhavam o empresário Vilela.

ENTENDA O CASO

Escolta Nove policiais civis de São Paulo, entre eles dois delegados, foram contratados para escoltar três empresários paulistas durante negociação em Juiz de Fora (MG). Eles receberiam R$ 1.500 pelo serviço

Negociação Na sexta (19), em um hotel da cidade mineira, os empresários paulistas iniciaram uma negociação com o mineiro Antonio Vilela. A suspeita é que os paulistas tinham ido negociar dólares

Pagamento Mais tarde, Vilela, os empresários e quatro policiais paulistas foram até o estacionamento de um hospital, onde uma transação envolvendo R$ 14 milhões seria finalizada. Lá também estavam quatro policiais mineiros, que, suspeita-se, fariam a escolta de Vilela

Notas falsas Segundo a investigação, os paulistas teriam descoberto que notas de real usadas no pagamento eram falsas. Isso teria dado início ao tiroteio

Feridos Três pessoas foram baleadas: o mineiro Vilela, que já teve alta do hospital; o empresário paulista Jerônimo Jr., que morreu no hospital na manhã de quinta-feira (25); e o policial mineiro Rodrigo Francisco, que morreu no local

Retorno Cinco dos nove policiais civis retornaram a São Paulo antes da ação que resultou no tiroteio. Eles não foram presos, mas estão sendo investigados, já que a transação de dinheiro era ilegal

Presos Foram presos os quatro policiais paulistas que estavam presentes no tiroteio e Vilela. O empresário Jerônimo Jr., que morreu, estava internado sob custódia policial pelo homicídio do agente mineiro Francisco

Investigados O executivo paulista Flávio Guimarães está em liberdade, mas não pode deixar o país. Os quatro policiais mineiros e o empresário paulista Roberto Uyvare Jr. também são investigados

Apreensão As malas com R$ 14 mi em dinheiro, que seriam de Vilela, foram apreendidas pela polícia de MG. Não foram encontrados dólares​

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