Cabeleireiro morre após facada na avenida Paulista na noite de sexta

Vítima estava com marido e dois amigos; família fala em homofobia

William Cardoso
São Paulo | com Agora

O cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima, 30, morreu esfaqueado na noite desta sexta-feira (21). O crime aconteceu na esquina da avenida Paulista com a Brigadeiro Luís Antônio.

Segundo consta no boletim de ocorrência, ele retornava do Parque Ibirapuera com três pessoas quando dois homens começaram a ofendê-los.

 Plínio Henrique de Almeida Lima, 30, morto na avenida Paulista
Plínio Henrique de Almeida Lima, 30, morto na avenida Paulista. - Reprodução

Quando o grupo estava próximo à avenida Paulista, um dos acompanhantes de Plínio ficou irritado e discutiu com o autor do crime. O colega posteriormente agrediu o suspeito, que pegou uma faca e feriu Plínio no tórax. O autor do crime fugiu com o companheiro para uma estação de metrô.

“Tentamos segurá-lo, mas ele apontou a faca e perguntou se queríamos [ser esfaqueados] também. O amigo dele tentou acalmá-lo. Eles saíram andando como se nada tivesse acontecido rumo ao metrô”, diz o assistente administrativo Atos Henrique Dias de Souza, 30, um dos amigos do cabeleireiro.

Plínio foi socorrido ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.

Seu irmão, Felipe Almeida Lima, acredita que se trata de um caso de homofobia. "Não tem outra justificativa", afirma.

Ele conta que Plínio estava com o marido e que os outros dois colegas também eram um casal. Segundo os amigos lhe contaram, os homens ofenderam o grupo porque os casais estavam de mãos dadas.

“Iríamos passar o Natal juntos. Infelizmente, aconteceu isso”, diz Felipe. “Nem animal é tão ruim quanto o ser humano.”

O caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil no 78ºDP e as investigações prosseguem para localizar o autor.

Segundo as testemunhas, o agressor é baixo, gordo, branco, cabelo e barba claros. O parceiro dele era moreno e alto. Ambos aparentavam ter cerca de 25 anos.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que equipes da delegacia analisam as imagens das câmeras de segurança do Metrô e dos vídeos do celular de uma testemunha e de prédios da região. Neste momento, todas as hipóteses são investigadas segundo o órgão.

O caso aconteceu no mesmo dia em que os indicadores de violência do estado de São Paulo foram apresentados pelo secretário Mágino Alves Barbosa Filho.

Em novembro, o estado registrou a redução de praticamente todos os indicadores de violência computados pela polícia e conseguiu, entre eles, a menor quantidade de roubos a banco da história: um caso.

Os homicídios dolosos (intencionais) tiveram queda de 12,6% em novembro, em relação a igual período de 2017, passando de 294 vítimas para 257. Foi a 12º queda seguida nos registros de homicídios, levando a taxa de mortes por grupo de 100 mil para 7,2.

Em 2010, um jovem também foi agredido na avenida Paulista com motivação homofóbica. O crime ficou conhecido na época pela utilização de bastões de lâmpada fluorescente para golpear a vítima na cabeça.

Em 2014, Luis Alberto Betonio, a vítima, disse ter convicção da motivação homofóbica do crime. "O segurança que interveio, impedindo que o bando me matasse, me disse que ouviu deles: 'Viado tem que morrer'. Tenho convicção de que eles tentaram me matar porque acreditavam que sou homossexual."

Os cinco acusados de agredir Betonio foram multados em R$ 129 mil em outubro deste ano.

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