Descrição de chapéu Obituário Adriano Murgel Branco (1931 - 2018)

Mortes: Engenheiro, modernizou o trólebus em São Paulo

Herdou a vocação do pai e dedicou a carreira ao serviço público

Thaiza Pauluze
São Paulo

O jovem Adriano Branco não escondia o fascínio que tinha pela profissão do pai, que mais tarde herdaria. Plínio Antônio Branco se especializou em serviços públicos e criou um órgão para pôr ordem na mobilidade da capital paulista, a CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) —hoje conhecida como SPTrans. 

O engenheiro e ex-secretário dos Transportes de São Paulo, Adriano Murgel Branco - Eduardo Anizelli - 27.nov.2010/Folhapress

Não demorou para o filho seguir seus passos. Nascido na Vila Mariana, bairro da zona sul da cidade, Adriano se formou em engenheira elétrica pela Mackenzie, e logo bateria ponto na companhia. Já grande entusiasta do ônibus elétrico, em pouco tempo virou diretor de trólebus na CMTC.

Criou o projeto de expansão do sistema de transporte elétrico, com a ideia de levar os corredores para a zona leste e comprar 1.200 ônibus —contrariando os interesses da indústria à época dos anos 1970. Botou em circulação os primeiros 200 veículos, mas a ideia não foi pra frente no governo seguinte. 

Quando assumiu a secretaria de Transportes, durante a gestão de Franco Montoro, no início dos anos 1980, Adriano investiu nas estradas vicinais. Construiu 5.000 km para ligar os municípios do interior e facilitar o escoamento da produção dos pequenos sítios.

Foi também secretário de Habitação e construiu outras tantas casas a preços populares. Ao deixar o serviço público, nos anos 1990, Adriano passou a fazer parte dos conselhos de administração do metrô e trem paulista, além de prestar consultoria na área.

Era raro, mas o dia em que Adriano não estava trabalhando, sacava outras ferramentas na garagem de casa. Fazia ele mesmo um carrinho de mão ou ensinava os netos a cortar madeira. Também ensinava os menores a nadar e pescar no barquinho que tinha em Itanhaém —endereço de férias da família no litoral paulista.

Ainda mantinha o hábito de escrever cartas para os governadores, criticando decisões das quais não concordava. Mas, há dois anos, perdeu a visão e não pôde mais ler ou escrever —foi sua maior tristeza. Após sucessivos problemas de saúde, Adriano morreu em 23 de dezembro, aos 87 anos. Deixou a mulher, três filhos, cinco netos e dois irmãos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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