Padre Quevedo, jesuíta espanhol radicado no Brasil, morreu na madrugada desta quarta-feira (9) aos 88 anos, em Belo Horizonte (MG). Segundo a Companhia de Jesus do Brasil, de Minas Gerais, o religioso morreu por problemas cardíacos.
Quevedo estava na casa de repouso dos jesuítas, na capital mineira, quando foi encontrado sem vida. O enterro será nesta quinta (10) no Cemitério Bosque da Esperança a partir das 11h. De acordo com a organização, as cerimônias serão reservadas para familiares, amigos e religiosos.
Era o programa Fantástico da Globo, começo do ano 2000. No horário nobre da televisão brasileira, aquele homem de ar grave, então aos 69, mostrava um sapo morto, com a boca costurada.
Disse que o animal foi encontrado dentro de um pequeno caixão, e em sua boca havia uma foto dele próprio. "Peço por favor que todos os feiticeiros me façam feitiços. Venham todos contra mim. Não tem poder nenhum."
O cético senhor era padre Quevedo, renomado parapsicólogo —estudioso de fenômenos que parecem transcender as leis da natureza.
Oscar González Quevedo nasceu na Espanha e era filho de um deputado tradicionalista de Madri. Após a prisão e fuzilamento de seu pai, Quevedo precisou fugir com a família por conta da perseguição política, o que os levou ao território de Gibraltar, localizado no extremo sul da península Ibérica.
Aos 15 ingressou na Companhia de Jesus —a Ordem dos Jesuítas, congregação católica com propósito missionário e educacional. Às vésperas de completar 29 anos, veio ao Brasil concluir a formação teológica. Naturalizou-se, e dedicou a vida aos estudos da parapsicologia.
Fundou o Centro Latino Americano de Parapsicologia (Clap) —hoje substituído pelo Instituto Padre Quevedo de Parapsicologia— e deu aulas do tema no Clap e no Unisal.
Referência na área, o religioso escreveu diversos livros sobre o tema, como "O que é parapsicologia", "A Face Oculta da Mente" e "As Forças Físicas da Mente".
Famoso pelo bordão "isso non ecziste", Quevedo se tornou conhecido por rechaçar pessoas que se declaravam paranormais e se dedicou a ações que tinham como objetivo desmascarar falsos curandeiros e médiuns, além de explicar fenômenos considerados sobrenaturais.
Na TV, teve passagens também por programas como Programa do Ratinho, Superpop e Domingo Legal. Em entrevista ao Estado de S.Paulo em 2011, disse lamentar o afastamento da mídia. "As pessoas começaram a dizer que eu insultava outras religiões, mas a verdade é que não encontravam formas de me contestar e isso incomodava. No final, já não me deixavam falar."
Segundo o padre João Mac Dowell, Quevedo tinha uma "missão educativa em problemas fora do comum, à qual cumpriu com muita competência e generosidade".
Aposentado desde 2012, quando foi para a casa de repouso dos jesuítas, em Belo Horizonte, o caçador de enigmas morreu aos 88 nesta quarta-feira (9), por problemas cardíacos. Deixa familiares, amigos e uma linhagem de semelhantes que se dedicam a esclarecer o oculto.
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