Antonio Pavão dedicou a vida à educação. Discreto, detalhista e exigente, trabalhou por quase 40 anos no Colégio Rainha da Paz, em Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
Quase virou padre durante a juventude. Após 14 anos de seminário, percebeu que não queria seguir esse caminho. Poderia alcançar o seu ideal de construir uma sociedade melhor de outra forma.
Poucos anos após largar a instituição religiosa, conheceu Dulce, em uma festa organizada por amigos em comum.
Um era o oposto do outro: ela falava palavrão, fumava e era brincalhona. Ele, quieto e todo certinho. Casaram-se. A mulher dizia que Pavão era “losangular, de tão quadrado”.
Tiveram duas filhas, hoje com 33 e 35 anos. A mais velha, Danielle, diz que a honestidade e o caráter do pai eram seus traços mais marcantes. Garantir o bem-estar da família era o que o movia.
Formou-se teólogo, filósofo e pedagogo. Dedicou-se de corpo e alma ao ofício, o que significava abrir mão do fim de semana algumas vezes.
Apesar da discrição, era próximo de funcionários e alunos da escola. Mas não era tão bom em decorar nomes. A atual diretora da escola, Maria Claudia Poletto, que conviveu com ele por 12 anos, conta que já foi chamada de Ana Claudia, Ana Carolina e Maria Claudia. Tudo era levado na brincadeira.
Gostava de ir para Santos, no litoral de São Paulo, para fugir da rotina agitada.
Enfrentou um câncer no esôfago e no estômago há quase 20 anos. Os médicos diziam que tinha 50% de chances de sobreviver. Conseguiu superar a doença.
Uma frase em latim, que aprendeu em uma das primeiras lições no seminário, o guiava: “per aspera ad astra”, usada para dizer que é por meio das dificuldades que as pessoas alcançam as estrelas.
Desta vez, não resistiu a uma infecção bacteriana no sangue, que culminou em um AVC. Morreu em 11 de março, aos 66 anos. A missa de 7° dia reuniu mais de 700 pessoas na escola.
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