A figura de frei Heliodoro Fernández Alvarez se confundia com a do lugar por onde trabalhou por mais de 50 anos, o Colégio Santo Agostinho, tradicional instituição de ensino no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.
“Era a alma do colégio”, descreveu uma ex-aluna em uma rede social quando a morte do vice-diretor foi anunciada. “Não era Agostinho, mas foi o santo que conheci por lá”, disse outro ex-aluno, acrescentando que era um homem “disciplinador e responsável, mas de jeito camarada e coração generoso.”
Nascido em Leão, na Espanha, Heliodoro chegou ao Brasil em 28 de agosto de 1964, dia de santo Agostinho. Padre recém-ordenado pela Ordem Agostiniana Recoleta, mudou de país para atuar no
colégio religioso.
Mantinha uma relação próxima com os alunos do ensino fundamental. Sabia quando faziam aniversário e os presenteava com um cordão e crucifixo ou com uma medalhinha de Nossa Senhora.
As caminhadas mensais que promovia com as crianças para pontos turísticos do Rio, como Cristo Redentor e Lagoa, e para um sítio em Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense, eram emblemáticas.
A vitalidade, aliás, era uma de suas marcas. Gostava de jogar futebol e chegou a pular de asa delta na Pedra da Gávea, um sonho antigo.
Colecionava no currículo mais de 7.000 cerimônias de primeira comunhão, 360 casamentos de ex-alunos e também batismos de filhos de ex-alunos.
Bom ouvinte, estava sempre disposto a dar conselhos. Oferecia até orientação espiritual para professores, quisessem fazer uma confissão ou só pedir uma orientação pessoal.
Morreu na última quinta, 21 de março, três dias após completar 81 anos, em decorrência de uma leucemia. O velório, realizado no dia seguinte na Paróquia Santa Mônica, no Leblon, reuniu em torno de 2.500 pessoas, segundo funcionários da escola. O público era formado, em grande parte, por ex-alunos.
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