Promotoria pede que médico envolvido em trote machista pague R$ 39 mil

Episódio com calouras da Unifran (Universidade de Franca) ocorreu em fevereiro deste ano

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São Paulo

O Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação civil pública contra o médico Matheus Gabriel Braia, que participou de um trote de cunho machista contra calouras do curso de medicina da Unifran (Universidade de Franca) em fevereiro deste ano, e pede à Justiça que o homem seja condenado a pagar R$ 39.920 por danos morais coletivos. 

Um vídeo do trote divulgado em redes sociais mostra Braia conduzindo um juramento no qual calouras, ajoelhadas e com os corpos pintados, tiveram que prometer “nunca recusar uma tentativa de coito de um veterano” e nunca entregar o corpo "a nenhum invejoso, burro, brocha, filho da puta da odonto ou da Facef [Centro Universitário de Franca].”

O promotor de Justiça Paulo César Corrêa Borges escreveu na ação que “o discurso ofendeu incontáveis mulheres, tendo vários grupos e entidades repudiado o discurso proferido” por Braia, e que “a atitude agressiva do requerido, em razão de seu caráter preconceituoso, machista e misógino", foi criticada em redes sociais. 

Vídeo mostra estudantes de medicina trote aplicado por veteranos do curso de medicina da Unifran (Universidade de Franca), em Franca
Vídeo mostra estudantes de medicina trote aplicado por veteranos do curso de medicina da Unifran (Universidade de Franca), em Franca - Reprodução

Além do pedido para que o médico seja condenado a pagar 40 salários mínimos (R$ 39.920), o promotor também solicita que o Judiciário estipule um outro valor a ser pago por ele referente a “danos sociais causados a toda a sociedade”. O caso está na 3ª Vara Cível de Franca. 

O Ministério Público instaurou inquérito para apurar o caso em 5 de fevereiro. Segundo as apurações, Braia foi convidado a participar do trote por ser ex-aluno da Unifran e ex-integrante da atlética do curso de medicina da instituição. 

O trote foi criticado por grupos como o Conselho Municipal da Condição Feminina de Franca e a própria atlética da medicina da Unifran, que reconheceu “o cunho ofensivo do discurso feito, o qual não possui autoria das entidades estudantis” e se propôs a “reformular o juramento”. 

A Unifran, por sua vez, afirmou que os responsáveis seriam identificados e penalizados. As penalidades, previstas no regimento geral da instituição, vão de advertência até expulsão.

Casos semelhantes foram registrados em outras instituições. Em fevereiro deste ano, calouros do curso de odontologia da Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina) tiveram que simular cenas de sexo durante um trote. 

Em 2014, calouras da Faculdade Cásper Líbero tiveram que simular sexo oral com bananas e pepinos na avenida Paulista, região central de São Paulo. Três anos antes, estudantes do curso de agronomia da Universidade de Brasília tiveram que lamber linguiças com leite condensado durante o juramento. 

A Folha entrou em contato com a defesa de Braia, mas não obteve retorno. 
 

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