Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde aponta que um em cada cinco brasileiros diz usar o celular enquanto dirige, medida que representa risco para acidentes de trânsito.
Ao todo, 19,3% da população destes locais diz usar o celular enquanto dirige. Entre aqueles de 25 a 34 anos, o percentual é ainda maior: 25%.
A pesquisa mostra ainda que pessoas de maior escolaridade –com 12 anos ou mais de estudo– são o grupo que mais assume esse risco, sendo 26% do total.
O alto percentual de motoristas que afirma manter esse hábito preocupa autoridades de saúde e de trânsito. "Já existem estudos que mostram que um condutor perde de oito a nove segundos de atenção enquanto dirige na via ao atender uma ligação no celular. Já quando passa ou responde uma mensagem, pode levar até 20 segundos, o que é mais do que suficiente para causar acidentes", afirma Eduardo Macário, diretor do departamento de análise em saúde do ministério.
Ele defende aumento na fiscalização e campanhas de conscientização direcionadas aos mais jovens para evitar o problema.
Além do uso de celular, o estudo monitora ainda outros fatores de risco de acidentes de trânsito, problema que hoje representa a segunda causa de morte por fatores externos no país (ou seja, não ligados a doenças).
O excesso de velocidade é um deles. Ao todo, um em cada dez entrevistados, ou 11%, disse ter recebido multas de trânsito por esse motivo.
Um percentual que é maior entre homens em comparação às mulheres (14% contra 7%) e, novamente, entre pessoas de 25 a 34 anos e de maior escolaridade (com cerca de 13% em ambos os casos).
Já entre as capitais, Brasília é aquela com maior índice de motoristas entrevistados que admitem cometer esse tipo de infração: 15,6%.
BEBER E DIRIGIR
Outro fator de risco de acidentes é o consumo de álcool antes de dirigir. Em 2018, 5,3% dos entrevistados informaram já terem conduzido veículos após consumo de bebidas alcoólicas. O índice, porém, teve queda em comparação a 2017, quando foi de 6,7%. "Vemos que houve uma pequena mudança, mas o dado ainda é preocupante", afirma Macário, que defende reforço em blitze da Lei Seca.
Mais uma vez, o percentual foi maior entre pessoas de maior escolaridade (8,6%) e na faixa etária de 25 a 34 anos (7,9%). Também chama a atenção a diferença dos índices entre homens e mulheres: entre eles, a proporção dos que admitem beber e dirigir foi de 9,3%; entre elas, foi de 2%.
Em 2017, 35 mil pessoas morreram por acidentes de trânsito e 166 mil foram internados. Os gastos com internações ficaram em torno de R$ 229 milhões.
"Além dos custos diretos, como as hospitalizações, outro problema sério são os custos indiretos, como sequelas físicas e emocionais ou impossibilidade de trabalhar", afirma o diretor.
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