“O cinema encheu meu coração e minha alma.” O aposentado João Dias da Silva repetia a frase em todos os cantos de Assis (a 438 km de SP), onde morou desde os 11 anos de idade. Nasceu num lugarejo chamado Água das Antas, à beira do rio Paranapanema, na divisa entre os estados de São Paulo e Paraná.
A paixão pelo cinema era medida em quilômetros. Quando criança, viajava de trem de Assis à capital paulista para ir ao cinema, pois não havia sala em sua cidade.
Anos mais tarde, com a chegada do cinema em Assis, ele conseguiu um emprego na produção de cartazes para a divulgação dos filmes.
“Meu pai dizia que havia entregue seu coração à propaganda de cinema. O que os outros entendiam de futebol ele entendia de filmes”, diz a filha, a secretária Verônica Gislaine Dias da Silva, 36.
Dono de uma coleção de mil filmes, João costumava dizer que o cinema tem um fator decisivo na construção da sociedade.
Simples, mas muito culto, o cinéfilo também gostava de discutir literatura, teologia e história. Sem ter estudado, tornou-se desenhista de história em quadrinhos, interesse que surgiu quando ele tinha cinco anos, ao se deparar com um gibi numa banca de jornal.
Popular na cidade, segundo a família e os amigos, João reunia outros atributos. Foi um pai e avô maravilhoso, amigo e carinhoso com todos.
“Ele foi peça fundamental na conquista de serviços públicos e melhorias para a cidade”, afirma o amigo Antonio Orides Rizzo, 87, com quem escreveu o livro “Um Sonho... Uma Realidade”, de 1977. A publicação relata a história do sindicalismo assisense e a fundação do Sindicato dos Empregados no Comércio de Assis e Região.
João Dias da Silva morreu dia 24 de agosto, aos 82 anos, de pneumonia. Deixa sete filhos,
cinco netos e um bisneto.
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