Gestões Doria e Bolsonaro anunciam que Ceagesp será fechado e iniciativa privada criará entreposto

Objetivo é fazer a mudança em até cinco anos; locais serão sugeridos pela iniciativa privada

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São Paulo

O governador João Doria (PSDB) e o governo Jair Bolsonaro (PSL) anunciaram nesta sexta-feira (25) que foi assinado um acordo para fechar o Ceagesp, na Vila Leopoldina (zona oeste de SP), e transferir a responsabilidade de construir um ou mais entrepostos para o setor privado.

De propriedade federal, o entreposto de alimentos é visto como um polo de congestionamento e deterioração de uma região da capital que vem passando por forte valorização imobiliária. Desde que era prefeito de São Paulo, Doria prega a transferência do entreposto para outro lugar. 

Em nome do governo Bolsonaro, o secretário especial de Desestatização do governo Bolsonaro, Salim Mattar, assinou o compromisso com Doria. 

A ideia é que a desativação seja feita em até cinco anos e que o Ceagesp só feche após a construção de entrepostos substitutos. O governo estadual conta com a possibilidade de que, com o compromisso do fechamento do entreposto público, interessados comecem uma corrida para criar uma nova unidade. 

O local ou locais não estão definidos ainda e devem ser sugeridos pelos investidores. A partir disso, o governo avaliará a viabilidade do terreno, uma vez que há uma série de impactos a serem analisados. 

Entre as exigências previstas, estão que o terreno tenha ao menos 300 mil m², metade do espaço em funcionamento hoje. 

Não haverá edital ou parceria público-privada neste caso —um chamamento público já aberto deve ser cancelado. O governo quer que a iniciativa privada, por conta própria, como faria ao construir um shopping, por exemplo, assuma o empreendimento. A estimativa é que o investimento inicial estaria na casa dos R$ 2 bilhões. 

Para ajudar a criar as condições para a implantação do novo entreposto, Doria assinou decreto que abre a possibilidade de criar acessos nas chamadas rodovias classe zero, onde esse tipo de via é hoje proibida. 

"[Vamos criar condições para que] o mercado ocupe esse espaço que será deixado ou será transferido a sua responsabilidade para o setor privado", disse o secretário de Agricultura e Abastecimento da gestão Doria, Gustavo Junqueira.  ​

Já há interessados em abrir entrepostos tanto em São Paulo quanto em cidades próximas, diz o governo estadual. 

Uma das organizações na corrida é o consórcio que pretende criar o Nesp (Novo Entreposto de São Paulo), que tem como sócios cerca de 300 permissionários do Ceagesp. Eles já possuem um terreno no km 26 da Rodovia dos Bandeirantes com acesso pelo Rodoanel Oeste e estão sendo realizados estudos de impacto ambiental. 

Após casos de troca de farpas entre Bolsonaro e Doria, o secretário Salim Mattar, do governo federal, afirmou nesta sexta em entrevista coletiva que o acordo ocorre porque o governo federal faz "política de Estado independentemente de viés ideológico ou partidário". "Estamos tentando de alguma forma reduzir o tamanho do estado", disse. 

O fechamento do acordo se deu no momento em que Bolsonaro está na China, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, ocupa interinamente a Presidência. Doria foi a Brasília (DF) na terça (22) para se encontrar com Mourão.

O governador defendeu a mudança devido ao impacto do Ceagesp na cidade de São Paulo. 

"Há um problema crônico e grave que é a presença de caminhões de grande porte nas marginais Tietê e Pinheiros, comprometendo de forma aguda o trânsito", disse ele, que também citou a deterioração urbana nos arredores do entreposto. 

O acordo envolve apenas o fechamento do Ceagesp na cidade de São Paulo, e não outras unidades no estado. No entanto, o governo federal tem intenção de privatizar toda a companhia, que fui incluída entre os itens de seu pacote de desestatização. 

Conforme a Folha revelou, há denúncias de corrupção dentro do espaço e loteamento político de cargos. Comerciantes denunciam cobrança de propinas no local.  

No lugar onde hoje funciona o Ceagesp, a ideia é criar o CITI (Centro Internacional de Tecnologia e Inovação), um polo tecnológico apelidado de Vale do Silício brasileiro por Doria. 

O terreno na Vila Leopoldina, de 650 mil m², continuará sendo propriedade do governo federal. 

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