Escola cristã pergunta em prova 'como evitar homossexualismo' e é acusada de homofobia

Colégio diz que perguntas 'davam a cada estudante a oportunidade de expressar livremente sua opinião'

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Rio de Janeiro

"Como evitar o homossexualismo? A pessoa nasce ou se torna homossexual? A Bíblia condena a relação homossexual? Homossexualismo tem perdão?”

Essas quatro questões compõem uma prova de português aplicada a alunos que cursam o 9º ano do ensino fundamental no Colégio Adventista de Correios, em Belém (PA). O tom discriminatório gerou indignação nas redes sociais, que repercutiram o teste compartilhado pelo irmão de uma estudante.

Prova traz questões como "Como evitar o homossexualismo? A pessoa nasce ou se torna homossexual? A Bíblia condena a relação homossexual? Homossexualismo tem perdão?”
Prova aplicada a alunos do 9º ano do Colégio Adventista de Correios, de Belém - Reprodução/Redes sociais

"Estamos no século 21 e ainda podemos ver homofobia nos livros publicados", tuitou a aluna de 14 anos, a idade média de uma turma do 9º ano.

Instalada a polêmica, o Colégio Adventista, de orientação cristã, divulgou na terça (19) uma "nota de esclarecimento". Nela, afirmam que as perguntas "tinham como objetivo colher as diversas opiniões e sentimentos sobre a temática em estudo e davam a cada estudante a oportunidade de expressar livremente sua opinião". 

A escola diz que "um livro serviu como auxílio na tarefa, o que ocorre em várias disciplinas". Trata-se de "De Bem Com Você", título encontrado facilmente em livrarias religiosas. 

Na Amazon, ganha a seguinte descrição: "Este livro vai mexer com você. A proposta dos autores é mostrar como é bom viver de bem com Deus, os amigos, o sexo oposto e você mesmo". 

Os autores são identificados como uma jornalista, pedagoga e editora de revistas (Sueli Nunes Ferreira) e um pastor, doutor em teologia e editor de obras literárias (Marcos de Benedicto).

Um dos trechos fala sobre a possibilidade de uma "cura" para homossexuais, alternativa amplamente rechaçada pela comunidade científica. Em 1990, a OMS (Organização Mundial de Saúde) baniu a orientação homossexual da lista oficial de distúrbios mentais, que inclui a pedofilia, por exemplo.

Diz o título sugerido por um professor da escola particular adventista: "A mudança pode ser demorada e difícil, mas acontece. O ideal é contar com a ajuda de um terapeuta".

 

A avaliação proposta pelo colégio paraense usa o termo "homossexualismo", que grupos LGBT+ refutam por carregar em si uma conotação pejorativa de doença para se referir à homossexualidade.

A escola, que diz se pautar por "valores baseados na Bíblia", afirma respeitar "todos os indivíduos sem qualquer tipo de discriminação sexual, racial, religiosa, ou de outra natureza". 

A tarefa, ainda segundo a instituição, "levou em conta o conhecimento prévio do aluno e, com isso, procura proporcionar um debate qualificado a respeito do assunto". 

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