Descrição de chapéu Coronavírus

Ao menos 18 estados mantêm fechados shoppings, comércio de rua e academias

Governadores de Santa Catarina, Mato Grosso e Rondônia anunciaram reabertura de parte dos serviços

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Manaus , Rio de Janeiro , Recife, Porto Alegre , Belo Horizonte, Ribeirão Preto e Curitiba

No movimento contrário de reabertura anunciado por Santa Catarina, Mato Grosso e Rondônia, ao menos 18 governadores dizem que pretendem manter fechados o comércio de rua, bares e restaurantes, academia e shoppings como medida para frear a circulação de pessoas e conter o avanço do novo coronavírus no país. Também restrições na circulação de ônibus e suspensão de aulas estão mantidas por esses estados.

São eles São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Goiás, Piauí, Espírito Santo, Paraná, Minas Gerais, Amapá, Amazonas, Paraíba, Ceará, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

O Acre mantém o comércio em geral fechado, mas permite que alguns serviços funcionem, como chaveiro e motéis. Outros seguem sem decreto, com lojas abertas livremente, caso do Rio Grande do Norte. (entenda os limites de Bolsonaro para controlar ações de estados e municípios).

No Rio, o governador Wilson Witzel (PSC) já avisou que vai manter as medidas de distanciamento social impostas pelo estado.

Eleito na onda bolsonarista, mas hoje em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, ele também se disse estarrecido com a mudança do discurso do ministro Luiz Henrique Mandetta, hoje alinhado ao de Bolsonaro, e o comparou à atriz Regina Duarte, secretária de cultura.

Vagão vazio e homens de macacão amarelo limpam o local
Militares fazem desinfecção em transporte público no Rio de Janeiro) - Tércio Teixeira/Folhapress

Em entrevista à Folha nesta quinta, Witzel criticou o comportamento do governo federal. "Não vamos suspender isolamento. Se o ministro da Economia não tomar as providências que devem ser tomadas por iniciativa deles, vamos buscar outras ações. A economia não pode estar em primeiro lugar. Em primeiro lugar agora é preservar vidas. Ou o ministro da Economia age ou aqueles estados mais afetados vão agir e vão para o Supremo".

Já na capital estadual, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que é alinhado ao presidente Bolsonaro, disse que vai manter as medidas de isolamento por 15 dias e estendeu o fechamento de escolas, mas determinou a abertura de uma pequena parte do comércio, observando as restrições de ocupação máxima de 30% da capacidade física do local e do espaçamento mínimo de um metro e meio entre os seus ocupantes.

Ele liberou a abertura de comércios de material para construção e lojas de conveniência em postos de gasolina nesta sexta (27). Também podem funcionar, mas sem venda para consumo imediato nos locais, mercearias, mercados, supermercados, hortifrutis, padarias, confeitarias, açougues, depósitos, distribuidoras, transportadoras, postos de combustível, comércio de gás GLP, de insumos agrícolas e medicamentos veterinários.

No Pará, o governador Helder Barbalho (MDB) diz que manterá o fechamento do comércio não essencial e a suspensão do transporte intermunicipal e interestadual. Segundo ele, futuras decisões se basearão nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

No Espírito Santo, a determinação que fechou comércio e suspendeu aulas e outras atividades segue valendo até o final da próxima semana. O governo de Renato Casagrande (PSB) só vai rever a posição perto do fim do prazo, apesar da pressão de empresários e federações.

Minas Gerais, do governador Romeu Zema (Novo), também terá reuniões para decidir sobre a manutenção da suspensão de atividades durante a próxima semana. O estado tem decreto de calamidade pública e fechou divisas. Durante a semana, a Fecomércio enviou ofício ao governo cobrando a padronização no funcionamento do comércio de rua dos municípios e destacando a importância da reabertura.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou logo após o pronunciamento do presidente que vai manter todas as medidas preventivas contra o novo coronavírus no estado. O político apontou que o discurso de Bolsonaro mostra que há poucas esperanças para que a presidência possa ser exercida com responsabilidade e eficiência, e que os danos serão imprevisíveis e gravíssimos.

"Em respeito às vidas dos maranhenses, bem como em sintonia com cientistas e profissionais da saúde, manterei no Maranhão todas as providências preventivas e de cuidado em face do Coronavírus", disse, na última quarta (24). Já na manhã desta sexta (27), Dino apontou que o "isolamento vertical" proposto por Bolsonaro "é uma invenção inexequível no Brasil" e impossível de ser executado.

No Piauí, o governador Wellington Dias (PT) postou logo após o discurso de Bolsonaro que irá manter todas as medidas de prevenção à Covid-19. Depois, em vídeo publicado nas redes sociais, Dias disse que adotou medidas duras no estado e reconheceu que haverá prejuízo de bens materiais e na renda das pessoas, mas apontou que "a vida humana está em primeiro lugar".

Já em vídeo publicado nesta sexta (27), Wellington Dias reforçou a posição pelo isolamento ao comentar decreto da cidade de Parnaíba que libera a reabertura do comércio local. "Temos uma situação que visa proteger a economia, e é um caminho que tem que ter preocupação. Mas do outro lado temos risco de vida, pessoas que estão morrendo no Brasil, e o Piauí não quer isso". As atividades comerciais estão suspensas até 31 de março no estado.​

Em outros casos, há abertura parcial do comércio, caso do Acre. O decreto de Gladson Cameli (PP) de suspensão das atividades comerciais foi alterado nesta quinta (26), e permite que funcionem atividades como lavanderias, borracharias, call centers, bancos, lotéricas, chaveiros e motéis. Também libera óticas, concessionárias de veículos, pet shops e oficinas mecânicas para atenderem clientes com agendamento prévio e redução de funcionários.


Escolas, academias, shoppings, feiras livres e outras atividades continuam suspensas no Acre. O governador publicou nota após o pronunciamento de terça (24) de Bolsonaro em que dizia que as medidas necessárias para manter o isolamento social seriam mantidas.

O governo do Amapá diz que vai manter as "medidas rigorosas de quarentena" no estado.

Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) publicou alteração em decreto. Obras de construção civil de serviços essenciais, oficinas e restaurantes em rodovias foram liberados pelo governo estadual.

Segundo Caiado publicou em redes sociais, o objetivo é fazer com que o estado passe a crise com equilíbrio. “As indústrias que não produzem itens essenciais à manutenção da vida também devem parar”, disse.

Também foi liberada a hospedagem para quem for a Goiás prestar serviços essenciais. Estão liberadas obras da construção civil relacionadas a energia elétrica, saneamento básico, hospitalares, penitenciárias, socioeducativo, infraestrutura do poder público e aquelas de interesse social, comerciais e industriais que forneçam respectivos insumos.

O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), publicou um novo decreto no qual exige que mercados controlem o acesso de uma pessoa por família e estabeleçam um número limite de clientes. Bancos, lotéricas, call centers, restaurantes e lanchonetes de rodovias podem funcionar, mas seguindo regras para funcionários e atendimento de clientes.​

O governo diz que a decisão não tem relação com pronunciamentos de Bolsonaro e que restaurantes de rodovias foram liberados por conta dos caminhoneiros que transportam alimentos e cargas, e bancos e lotéricas foram abertos especificamente para o pagamento dos aposentados, pensionistas e dos beneficiários do Bolsa Família.

No Rio Grande do Norte, governado por Fátima Bezerra (PT), não houve suspensão obrigatória para paralisação de atividades do comércio. Houve apenas orientação para condições dos estabelecimentos que garantissem circulação de ar, entre outros cuidados contra o novo coronavírus. Hoje, parte do comércio voltou a abrir por conta própria. Suspensão de aulas e outras atividades afetadas pela medida de contenção contra a pandemia devem seguir ao menos até a próxima semana.

No Amazonas, a FCDL (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas) e outras 12 entidades empresariais publicaram nesta quinta-feira (26) uma carta aberta ao governo Wilson Lima (PSC) pedindo a reabertura do comércio de rua, a partir de segunda-feira (30), e dos shoppings, a partir de 7 de abril.

Em pronunciamento nesta sexta, Lima disse que não alterará a determinação que mantêm abertos apenas serviços essenciais. O Amazonas já registrou casos em seis municípios.

Em Mato Grosso do Sul ainda não há previsão para retorno das atividades restritas por determinação do governo. Mas, o prefeito Marquinho Trad (PSD), da capital Campo Grande, flexibilizou as medidas de quarentena para o setor comercial e mandou reabrir casas lotéricas, restaurantes e lojas de materiais de construção.

Segundo o prefeito, o município está cumprindo determinação do governo federal. Além de exigir medidas de higienização e distanciamento, o novo decreto impede acesso a esses locais por pessoas que integram o grupo de risco no contágio pela doença.

Já no Paraná, as medidas restritivas continuam valendo, sem previsão de retorno das atividades.

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