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Covas adapta planos com foco no coronavírus, e obras podem atrasar em São Paulo

Tucano criou pacote para destinar dinheiro de outras áreas, incluindo fundo bilionário, para saúde

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São Paulo

O roteiro do prefeito Bruno Covas (PSDB) durante o período eleitoral estava totalmente definido: usar a verba bilionária que a cidade juntou para melhorar a zeladoria e entregar um amplo cardápio de obras em 2020.

O projeto estava mantido mesmo com o grave câncer que atacou Covas. No entanto, a epidemia e a situação de emergência obrigou o prefeito a mudar seus planos, incluindo a estratégia para tentar se reeleger.

Covas abre caminho para transferir o dinheiro em caixa para saúde e já admite que algumas obras podem parar, enquanto entregas como a do Hospital da Brasilândia serão adiantadas. Um projeto de lei com medidas para conter o vírus, possibilitando aumento de gastos, foi aprovado nesta sexta-feira (27) pela Câmara Municipal.

Entre os gastos extras causados pela crise, há mais de 2.000 leitos no estádio do Pacaembu e no Anhembi, transformados em hospitais de campanha, insumos médicos e auxílio a pessoas em situação de vulnerabilidade durante a quarentena.

O próprio prefeito chegou a admitir que os custos podem afetar as obras na cidade, apesar da boa situação financeira. “A prefeitura tinha em caixa R$ 2 bilhões [para bancar despesas com hospitais de campanha], claro que algumas obras talvez a gente tenha que parar”, disse. “Do ponto de vista fiscal, a gente tem toda a tranquilidade de que a gente vai poder gastar além de todo gasto que já tinha na saúde com esses gastos extras que não estavam previstos”.

Prefeito Bruno Covas durante vistoria as obras de instalação de leitos provisórios no Anhembi para tratamento de pacientes com coronavírus
Prefeito Bruno Covas durante vistoria as obras de instalação de leitos provisórios no Anhembi para tratamento de pacientes com coronavírus - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Um projeto de lei deve ser aprovado nesta sexta (27), abrindo a possibilidade de gastar verba de fundos municipais contra coronavírus e de manter o pagamento de terceirizados, mesmo sem prestação de serviços, com objetivo de evitar o desemprego na cidade.

A lei permite que o governo gaste, se não houver outras fontes, dinheiro dos Cepacs (créditos imobiliários), vendidos ao mercado pela cidade. Normalmente, esses valores são carimbados, isto é, só podem ser gastos em melhorias urbanas e, dependendo do caso, em regiões específicas.

O dinheiro é depositado no Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano). Atualmente, esse fundo tem um total de R$ 1 bilhão.

Atualmente, há várias grandes obras com as quais a gestão conta como vitrines. A principal delas é a reforma do vale do Anhangabaú, que, até o momento, continua sendo realizada. A gestão também pretende entregar 12 CEUs (Centros Educacionais Unificados), entre outros equipamentos.

Além de um possível aperto nas finanças, as medidas de restrição adotadas até o momento podem afetar as empresas que realizam as obras.

Por outro lado, Covas anunciou que as obras do Hospital da Brasilândia, ainda não inaugurado, foram adiantadas e a unidade terá 150 vagas de UTI para a crise.

No total, segundo dados o início deste ano, havia 65 obras em curso na capital paulista, a maioria nas áreas de drenagem e educação. Na saúde, além do Hospital da Brasilândia, estavam previstas a entrega de três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

A pandemia também mudou a forma como Covas, em tratamento contra o câncer, se comporta na prefeitura. Antes mais recolhido, com agendas mais concentradas em alguns horários do dia, o tucano parece ter voltado ao ritmo mais próximo do que matinha antes da doença.

Ele se mudou para a sede da prefeitura e, nesta sexta, já tinha compromissos das 11h às 19h.

Pacientes com câncer são grupo de risco no caso de coronavírus. Apesar disso, o prefeito tem feito agendas externas e reuniões lotadas de secretários.

No início da crise, o tucano e João Doria (PSDB) vinham fazendo ações de divulgação separadas. No entanto, após o governador ganhar protagonismo na crise, Covas passou a acompanhar Doria em várias das coletivas diárias no Palácio dos Bandeirantes.

Nesta sexta, tinha agenda ao lado de Doria no hospital de campanha do Pacaembu.

Aliados do tucano avaliam que, após o câncer, ele ganhou visibilidade entre os paulistanos. Números recentes mostram Covas bem na corrida eleitoral.

Pesquisa Ibope divulgada no início da semana traziam Covas bem posicionado para a reeleição, com 18% da preferência do eleitorado, atrás apenas de Celso Russomanno (Republicanos), com 24%. Após duas tentativas de virar prefeito, sempre perdendo fôlego ao longo da disputa, o apresentador de TV tem negociado com Covas a possibilidade de ser vice na disputa ou mesmo apoiar o tucano.

Covas também não parou de fazer politica. Recentemente, substituiu subprefeitos com o objetivo de agradar aliados políticos.

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