Ibaneis prorroga fechamento de escolas e comércio no DF e critica passeio de Bolsonaro

Medidas de isolamento vão até a páscoa; distrito foi o primeiro a impor restrições para população

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Brasília

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decidiu ampliar as medidas restritivas para combater o novo coronavírus e criticou o passeio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no domingo (29).

O prazo das medidas em vigor acabaria na próximo dia 5, mas o governo vai prorrogá-lo pelo menos até a Páscoa —a data final deve ser anunciada ainda nesta terça (31).

Ibaneis afirmou à Folha que atitudes como a adotada por Bolsonaro, de circular por cidades-satélites de Brasilia cumprimentando apoiadores, gera uma falsa normalidade e atrapalha ações contra a pandemia.

Esplanada dos Ministérios com poucos carros circulando. Ruas de Brasília com movimento muito abaixo do normal por conta do isolamento pra conter a epidemia de Coronavírus. Decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o fechamento do comércio, escolas, faculdades, clubes, academias e parques
Esplanada dos Ministérios com poucos carros circulando. Ruas de Brasília com movimento muito abaixo do normal por conta do isolamento pra conter a epidemia de Coronavírus. Decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o fechamento do comércio, escolas, faculdades, clubes, academias e parques - Pedro Ladeira/Folhapress

No domingo, o presidente saiu de carro de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, pela manhã para visitar pontos de comércio local e o Hospital das Forças Armadas (HFA). O comboio presidencial passou por pontos de comércio na Asa Norte e no Sudoeste, além de Ceilândia e Taguatinga.

Questionado sobre a atitude do presidente no domingo, Ibaneis criticou.

"Atrapalha. Isso nos causa muita preocupação. Traz uma informação de cenário político de dividido e, para população, sinaliza de forma errada", afirmou o governador à Folha.

Segundo o Ministério da Saúde, o DF tem 312 casos de pacientes infectados pelo novo vírus e duas mortes registradas até o final da tarde de segunda (30).

O governador afirmou que as medidas para aumentar o isolamento social, que já dura duas semanas no DF, está mostrando resultado. Para ele, as restrições deram tempo de preparar o sistema de saúde para o pico da doença previsto por técnicos da Saúde para o final de abril e início de maio.

O DF foi o primeiro ente da federação a fechar escolas e impor medidas restritivas a comércios e indústrias desde o dia 12 de março.

Na época, o ministro Luiz Henrique Madetta (Saúde) chegou a criticar a decisão afirmando que era antecipada demais.

"O ministro tem conduzido bem essa crise. Infelizmente, no início, ele tinha adotado uma postura muito mais política do que técnica, mas agora ele foi pegando maturidade e entendeu que a vida é mais importante", afirmou Ibaneis.

"Deve ser difícil para ele tentar explicar essa crise para quem só pensa politicamente", completou em referência ao presidente da República.

Agora, as medidas de restrição, que inicialmente seriam encerradas no dia 5, passam a valer em todo o DF até o dia 14 de abril.

Ibaneis afirmou que vai avaliar o quadro "semana a semana" e que pode estender as medidas por mais tempo.

"Tudo que eu faço, eu gosto de ter uma previsibilidade para que o comercio e industria possam se preparar. A gente tem que trabalhar com previsibilidade. O pico dessa infestação vai ser final de final de abril e início de maio, Vamos avaliando o cenário", disse.

Os governadores já anunciaram que vão à Justiça caso Bolsonaro libere setores da economia a voltarem a funcionar. Bolsonaro disse no domingo que pensa em autorizar a volta ao trabalho para quem precisa.

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