Descrição de chapéu Coronavírus

Médico de 32 anos morto com quadro de Covid-19 era apaixonado pela profissão

Frederic Jota Silva Lima morreu nesta segunda-feira (20) após ser atendido no Emílio Ribas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Na linha de frente do novo coronavírus, o médico Frederic Jota Silva Lima, 32, foi vítima daquilo que combatia. Ele morreu na segunda-feira (20), no Instituto Emílio Ribas, após ser internado no dia anterior com sintomas de Covid-19.

Desde fevereiro de 2017, Lima atendia pacientes na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, e, em novembro de 2018, começou na UPA 26 de Agosto, em Itaquera (zona lesta), administrada pela Casa de Saúde Santa Marcelina. De acordo com uma nota divulgada pela entidade, ele cumpriu seu plantão médico normalmente na sexta-feira (17).

“Me conforta saber que o sonho dele de ser médico e ajudar o próximo foi realizado”, diz a sua irmã, Eva Tolvana. A tecnóloga de alimentos, que vive no Pará e veio para São Paulo, diz que a família ainda está muito abalada com a morte.

homem, em uma academia ao fundo, posa para foto
O médico Frederic Jota Silva Lima, 32, morreu nesta segunda (20) com suspeita de Covid-19 - Reprodução/Facebook

O jovem tinha hábitos saudáveis, frequentava a academia e não tinha nenhuma comorbidade —condições pré-existentes que podem agravar o caso— de que a família soubesse.

Ainda assim, a evolução do quadro foi rápida. Eva conta que seu irmão começou a ter tosse na sexta e domingo foi para o Instituto Emílio Ribas, onde foi internado. Os irmãos estavam se comunicando pelo celular até que ele parou de responder e ela recebeu uma ligação com a notícia da morte.

Segundo a assessoria do hospital, ele foi atendido no pronto-socorro, fez uma bateria de exames e depois foi transferido para a Unidade de Tratamentos Intensivos com um quadro severo, mas não resistiu.

O instituto, centro de referência no tratamento de doenças infecciosas, está na linha de frente do combate ao novo coronavírus e foi a primeira UTI a ficar lotada na rede pública da capital paulista.

Nascido em Castanhal, no Pará (cerca de 72 km da capital), Frederic era muito dedicado aos estudos, sempre soube que queria ser médico e recebeu apoio de sua família na sua escolha.

Ele se formou na UFPA (Universidade Federal do Pará) e se mudou para São Paulo para fazer especialização. “Ele tinha muito orgulho de suas conquistas”, conta a irmã, que o descreve como uma pessoa batalhadora e que amava a profissão. “Ele me incentivou muito para que eu pudesse me formar e sou muito grata a ele”, continuou.

O amigo Izaque Lima lembra que, apesar da rotina corrida com os plantões médicos, Lima gostava de receber os amigos em casa e cozinhar jantares. “Ele era um cara bem especial, com um astral lá em cima, nada o abalava.”

Além das homenagens de amigos e familiares nas redes sociais, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, lamentou a morte do médico. “Expresso aqui minha tristeza pela perda do médico dr. Frederic Jota Silva Lima. (...) À família e amigos, meus sinceros sentimentos e pêsames. Seguiremos na luta incansável”, escreveu no Facebook.

O médico também foi lembrado pelos seus pacientes. “Em outubro do ano passado me atendeu prontamente e com excelência”, escreveu um homem nos comentários da publicação do prefeito. “Excelente profissional”, completou outra mulher.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.