Nem o medo impedia Gercina Pereira Dias de viver a vida com emoção. Tinha pavor de aviões, mas viajava a cada oportunidade que tinha.
Gercina nasceu em Águas Belas (PE), mas mudou-se com a família para Mirante do Paranapanema (610 km de SP) na pré-adolescência, de pau de arara.
Fez curso de corte e costura por correspondência e virou professora e a modelista do próprio vestido de noiva. Casou-se aos 17 e ficou viúva aos 31, com seis filhos (o menor com 1 ano) para criar.
Com a determinação, amor e perseverança, Gercina cuidou da família sozinha. Não faltaram pretendentes para outro casamento, mas optou por não iniciar uma nova história.
Pegou a proatividade, colocou-a na mala e mudou para a capital paulista.
Comunicadora nata, trabalhou como vendedora por muitos anos. De alma inquieta e talento empreendedor, foi do artesanato à confecção de roupas.
Construiu a própria casa e anos mais tarde, em 1986, uma escola infantil popular— um sonho que foi realizado por cerca de 30 anos.
Vovó Gercina, como ficou conhecida, transformou a escola num local de acolhimento de crianças cujas famílias não tinham boas condições financeiras. “A educação infantil e as crianças eram a sua maior paixão”, diz a neta, a jornalista Beatriz Bevilaqua, 31.
“Ela foi a maior matriarca da família, uma mulher de personalidade forte e corajosa em toda a sua jornada. Seu amor pelos filhos e netos era incondicional. Independente, uma mulher à frente de seu tempo. Não reclamava da vida e detestava brigas ou discussões. Valorizava a liberdade e amava viajar e conhecer novos destinos”, conta Beatriz.
Gercina Pereira Dias morreu dia 1º de maio, aos 82 anos, de Covid-19. Viúva, deixa seis filhos e sete netos.
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