'Sempre existiram colaboração e solidariedade na quebrada', diz ativista social

Mesmo com dificuldades financeiras, Bruno Souza fez doação para ajudar moradores da periferia

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São Paulo

Em Parelheiros, na zona sul de São Paulo, até o carro da pamonha está encarregado de transmitir mensagens de conscientização sobre o novo coronavírus.

"Às vezes bate aquela vontade de juntar a turma e fazer um rolezinho, mas dá uma segurada. Tem que ficar em casa", diz o aviso sonoro.

A iniciativa foi da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, onde trabalha o estudante de pedagogia Bruno Souza, 25. Morador do bairro vizinho, o Jardim Ângela, ele tem atuado de casa durante a pandemia.

A necessidade do distanciamento inverteu a lógica do trabalho social organizado pelo estudante há sete anos.

Ele é cofundador do coletivo Encrespados e do Núcleo de Jovens Políticos. Ambos promovem diálogo com a comunidade local sobre política, literatura e questões raciais.

Uma vez que o objetivo é falar sobre esses temas a partir de narrativas da região, os encontros eram realizados em algum espaço público da zona sul. Com a pandemia, tiveram que ir para o mundo virtual.

Bruno diz que a internet trouxe a vantagem de ampliar o público. Um dos encontros remotos, por exemplo, foi acompanhado por pessoas de outros países.

Pelo engajamento com a comunidade, o estudante foi selecionado em 2019 como um dos Jovens Transformadores pela Democracia, projeto da Ashoka, ONG internacional que apoia os empreendedores de impacto social.

Dentro da casa de dois quartos que ele divide com outras sete pessoas (sua mãe, o padrasto, quatro irmãos e um sobrinho), o desafio é encontrar privacidade.

As dificuldades financeiras aumentaram nos últimos meses. Para pagar as contas, a família usa o Bolsa Família recebido pela mãe de Bruno e a aposentadoria do padrasto. O estudante e um de seus irmãos, que é assessor político, também ajudam com as despesas.

A família recebeu quatro cestas básicas que chegaram como doação no bairro. Com o dinheiro que economizou na compra dos alimentos, Bruno fez uma doação para a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias, que distribui itens de primeira necessidade para moradores da periferia.

"Solidariedade e colaboração sempre existiram, sobretudo na quebrada", diz.

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