Descrição de chapéu Obituário Gilles Lapouge (1923 - 2020)

Mortes: Jornalista e escritor, foi testemunha ocular de boas histórias

Gilles Lapouge trabalhou quase sete décadas para o jornal O Estado de S. Paulo

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São Paulo

Grande em sabedoria e simplicidade. Desta forma, o francês Gilles Lapouge era considerado pelos amigos e colegas que o acompanharam ao longo de sua trajetória como escritor, correspondente e colunista do jornal O Estado de S. Paulo.

A parceria e dedicação duraram quase 70 anos, a partir de 1950, quando foi convidado a trabalhar no jornal.

Autor de mais de 10 mil textos, Lapouge tinha uma escrita sofisticada.

Gilles Lapouge (1923-2020)
Gilles Lapouge (1923-2020) - Lionel Bonaventure - 25.nov.2014/AFP

“Gilles Lapouge foi uma grande referência para mim porque escrevia com muita qualidade literária e autoridade, e essas foram duas características que com o passar dos anos procurei desenvolver", afirma o jornalista e escritor Lourival Sant'Anna.

"É preciso entender que o texto tem que trazer o prazer intelectual de ler. A gente pode agregar a um texto jornalístico uma experiência que acumulou sobre o funcionamento do mundo. Ele era o exemplo máximo disso. Essa carga de qualidade literária e compreensão do mundo tem a ver com a cultura francesa. A contribuição dele para o Estadão e o jornalismo brasileiro foi muito boa."

Lapouge era apaixonado pelo Brasil, país que conheceu no início da década de 1950, viajando a convite da direção do jornal O Estado de S. Paulo. Percorreu a Amazônia, Rio de Janeiro, São Paulo e Nordeste, região cujo colorido e histórias o encantaram.

Havia entre ele e os colegas brasileiros admiração recíproca.

“Pessoalmente, ele era muito doce, simples, engraçado, despojado e informal. Parte do humor, da alegria e da leveza ele dizia que havia encontrado no Brasil”, conta Sant'Anna.

Lapouge estreou na literatura no final dos anos 1960. Dos cerca de 25 livros que escreveu, alguns carregam a relação com o país que aprendeu a amar, como “Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil” e o romance “Noites Tranquilas em Belém”.

Na França, Lapouge também trabalhou para veículos como os jornais Le Monde e Le Figaro, além de atuar na rádio e na TV.

Em junho, mês em que produziu seu último texto para O Estado de S. Paulo, submeteu-se a uma cirurgia, mas estava em recuperação e fazia planos de voltar a escrever.

Gilles Lapouge morreu no dia 30 de julho, aos 96 anos, em Paris, de infecção pulmonar. Deixa quatro filhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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