Zaé Júnior aprendeu a amar a arte com o pai. Era ao seu lado que, desde criança, escrevia sonetos a quatro mãos. A música também entrou em seu coração e Zaé aprendeu sozinho a tocar violão e piano.
Tudo o que se propunha fazer era perfeito, o que lhe rendeu outros conhecimentos e títulos.
Zaé nasceu em Botucatu (238 km de SP), mas na década de 1930 mudou-se para a capital paulista.
Estudou Letras na USP, prestou concurso público para a rede estadual de ensino e tornou-se professor.
No final dos anos 1950, foi para a TV Tupi e produziu o seriado juvenil "Capitão Estrela".
Em 1961, entrou para a agência McCann Erickson. Lá, veio a oportunidade de supervisionar um horário de telenovelas da TV Excelsior, que apresentou sucessos como “A Deusa Vencida”, escrita por Ivani Ribeiro e dirigida por Walter Avancini. Na época, foi pioneiro em compor trilhas de novelas.
Alguns anos depois, criou a própria agência de publicidade, a Promark. Ao longo da trajetória, também lecionou na Escola Superior de Propaganda e Marketing, na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e na primeira turma da Escola de Comunicações e Artes da USP.
A neta, a estudante de jornalismo Ana Carolina do Nascimento Avólio, 21, conta que Zaé foi o seu melhor amigo e crítico, pois fazia questão de ler seus textos.
“Ele era exigente e crítico em todos os aspectos e me incentivou a lutar pelos meus sonhos”, diz Ana.
“Meu avô foi a melhor inspiração da minha vida e para muita gente, tanto pela trajetória, como pelo coração. Ele ajudava todo mundo”, conta.
Além da generosidade, amor pela família e a disposição para fazer piadas e trocadilhos, Ana o descreve como teimoso. “A teimosia dele era uma forma de resistir. Não aceitava a idade que tinha e lutava para continuar sendo independente.”
Zaé também deixou marcas na imprensa brasileira. Escreveu para a extinta revista O Cruzeiro e para alguns jornais. Foi um dos fundadores do Museu da Televisão e autor de quatro livros: o infantil “A Gruta Misteriosa”, o de trovas “O Pássaro Aprendiz”, e dois de poesias: “O Homem e seu Quintal” e “Fugaz Eternidade”.
Zaé Júnior sofria de mal de Alzheimer, mas nunca se entregou à doença. Ele morreu dia 20 de agosto, aos 92 anos, de broncopneumonia. Viúvo, deixa uma filha e duas netas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.