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Grupo de jovens cria projeto para doar absorventes a meninas carentes no Rio

Em dois anos, 25 mil pacotes foram distribuídos em comunidades e colégios públicos

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Roseane Santos
Rio de Janeiro

Um problema antigo e quase invisível, o constrangimento de adolescentes na escola sem absorventes em quantidade suficiente no período menstrual, se tornou foco de um projeto social no Rio de Janeiro.

Há dois anos, a estudante Constanza Del Posso, 16, criou o Absorvendo Amor, que distribui o item de higiene a mulheres e, principalmente, meninas carentes da cidade.

Desde então, foram entregues 25 mil pacotes de absorventes em colégios públicos, comunidades e entidades como a ONG One by One.

Jovens usam avental e estão em volta de pilhas de pacotes de absorventes.
Jovens que participam de projeto no Rio para doar absorventes a meninas de comunidades no Rio em ponto de coleta das doações. Produto de higiene íntima falta muitas vezes a todas as garotas. - Paula Graciette de Mesquita / Divulgação

Constanza conta que a ideia do projeto surgiu depois de ler “Eleanor & Park”. O livro trata de uma menina que um dia encontrou na porta de seu armário da escola absorventes sujos de tinta vermelha.

“O que mais me impressionou foi o sentimento narrado por ela de querer separar os absorventes ‘menos sujos’ para levar para casa, pois não tinha como comprar”, lembra.

Com os colegas da escola Eleva, em Botafogo, estruturaram a ideia de doar absorventes. “Combinamos com a coordenação da escola de colocar caixas para arrecadação em pontos estratégicos, criamos nosso Instagram, divulgamos e arrecadamos 3.060 absorventes na primeira campanha."

Neste ano, em meio à pandemia do coronavírus, o projeto fez uma vaquinha virtual e redirecionou doações para comunidades , uma vez que as escolas estavam fechadas. No fim de setembro, foi retomada a distribuição a escolas públicas no Rio por meio das diretoras, que organizarão a distribuição, pois as alunas ainda não retornaram as aulas presenciais.

O Absorvendo Amor aceita doações de pacotes de absorventes em pontos físicos como na Escola Eleva, e agora na loja Chilli Beans do shopping Rio Sul, e doações em dinheiro em http://vaka.me/957646 ou no site do projeto, absorvendoamor.com.br

O Rio instituiu no ano passado o programa de fornecimento de absorventes para as alunas da rede municipal. Em junho, a Assembleia Legislativa do estado projeto de lei que passou a considerar absorventes, fraldas infantis e geriátricas itens da cesta básica no estado.

Na Câmara dos Deputados, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) apresentou projeto de lei para garantir a distribuição gratuita de absorventes biodegradáveis em espaços públicos.

”A pobreza menstrual é um tema silencioso na nossa sociedade, em grande parte porque quem faz políticas públicas no geral são homens, não mulheres", diz Tabata. "Estima-se que uma em cada dez meninas falte à aula durante a menstruação, somando perda de 45 dias do ano letivo. Tratamos a distribuição de camisinha como natural, mas não a de absorventes.

A deputada diz ter sofrido preconceito ao apresentar o projeto. “Fui atacada com xingamentos e coisas muito machistas. Muitos homens acham que distribuir absorvente é futilidade, mas é uma questão de necessidade básica e de saúde, porque a falta de acesso a absorventes faz com que meninas e mulheres usem papel, jornal, miolo de pão ou outro substituto que pode causar infecções."

O movimento Girl Up Brasil iniciou em abril projeto semelnhante ao de Constanza. "Foram 40 mil unidades de absorventes distribuídas em sete estados", diz a coordenadora executiva, Leticia Bahia. "Nós nos deparamos com a absoluta escassez de dados sobre pobreza menstrual."

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