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Pazuello nega 'segunda onda' da Covid no Brasil e fala em 'repique' no Sudeste e Sul

Para ministro, 'ondas' são outros efeitos da pandemia e Europa vive 'novo surto'

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Brasília

Após passar mais de duas semanas em silêncio sobre o aumento de internações da Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu nesta quinta-feira (26) que há um aumento de casos da doença no país, mas negou que haja uma "segunda onda".

Para ele, o que há é um "repique" de casos e mortes em algumas regiões.

"Estamos falando de repique de contaminações e mortos em algumas regiões do país. Sim, é só acompanhar nosso site, e nós podemos observar os dados. No Sul e Sudeste o repique é mais claro, e no Norte e Nordeste é bem menos impactante, com algumas cidades fora da curva. E o Centro-oeste é mais no meio do caminho", disse.

Em seguida, o ministro passou a citar o que entende como "ondas" na pandemia e pediu que o quadro não seja confundido.

"Já falei aqui algumas vezes que temos quatro ondas da pandemia. Cuidado para não sermos enganados quando falam errado", disse.

Ministro com máscara dividida ao meio; de um lado, o símbolo do SUS, do outro, a bandeira brasileira
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello - Isac Nóbrega/PR

Segundo ele, as quatro ondas são efeitos que podem ocorrer durante a pandemia.

"A primeira onda é exatamente a contaminação e as mortes, tudo o que aconteceu e vem acontecendo com o repique agora. Isso é uma onda, que pode ter um repique, dois repiques, pode ser uma onda só, mas é uma onda", disse.

As outras ondas, disse, são doenças não tratadas, casos de violência doméstica e o aumento de casos de suicídio e automutilação.

"A segunda onda são as doenças que ficaram impactadas. Temos muitas pessoas que não se trataram corretamente, porque tinham medo, porque criou-se um ambiente de medo e não procuraram o médico, e isso tudo está represado", afirmou.

"Essas quatro ondas fazem parte de um processo de pandemia. Não confundam ondas com novo surto, que é o que está acontecendo na Europa, que é um vírus mutado. Lá é um novo surto, que pode virar endemia e depois pandemia, e se confundir com as ondas da primeira", disse.

"O troço é grave, ele vai numa linha e nós temos de estar muito atentos."

A posição, porém, vai na contramão de alguns especialistas que apontam uma "segunda onda" da Covid também no Brasil.

Ainda segundo Pazuello, a pasta deve aplicar cerca de R$ 6 bilhões de recursos extras do orçamento para incorporar, na rede pública, leitos de UTIs criados para Covid. Ele não afirmou, porém, qual o volume total de leitos a serem mantidos.

O mesmo valor deve ser usado ainda para atendimento de cirurgias "e outros tratamentos que ficaram impactados", informou, sem detalhar as medidas.

De acordo com o ministro, o acerto foi feito após reunião com secretários estaduais e municipais de saúde.

Na última semana, o grupo já havia enviado um ofício ao ministério em que cobrava ações urgentes da pasta "diante da eminência de uma segunda onda da Covid".

À época, porém, o ministério alegou que não tinha como analisar o cenário da doença devido a um ataque hacker sofrido nos sistemas da pasta em dias anteriores.

Ainda segundo Pazuello, a pasta deve fazer uma coletiva de imprensa na próxima semana com secretários de saúde para detalhar "o momento em que vivemos".

As declarações ocorreram em evento sobre o Novembro Roxo, que prevê medidas de prevenção à prematuridade.

Em meio a críticas sobre a falta de ações mais efetivas da pasta em relação à epidemia da Covid, como a manutenção de 7,1 milhões de testes que poderiam ser usados para diagnóstico e que estão parados em estoque, Pazuello também usou o discurso no evento para pedir "compreensão".

"Gostaria que todos compreendessem que quando estamos reunidos, estamos trabalhando, pensando, planejando", disse. "Ninguém está sentado. 'Ah, o dinheiro vai ficar impactado'. Não tem nada que não esteja planejado."

Novamente sem dar detalhes, Pazuello disse que a pasta finaliza um plano de vacinação contra a Covid-19, mas que uma definição "logística" deve ocorrer só quando estiver mais perto de "um momento de chegada".

"Podem ficar tranquilos, estamos acima do momento, estamos adiantados. E quando estivermos com mais dados logísticos, a gente fecha o plano", disse.

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