Ato lembra um mês da morte de Beto Freitas em mercado de Porto Alegre

Ativistas do movimento negro e membros de torcida organizada pediram justiça em nome de homem negro asfixiado

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Rio de Janeiro

A data que marca um mês do assassinato de José Alberto Freitas, o Beto, de 40 anos, em uma loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS), foi lembrada por ato em frente à unidade na tarde deste domingo (20). O protesto pacífico contou com a presença da Polícia Militar.

Ativistas do movimento negro e membros da torcida organizada do São José, batizada de Os Farrapos, da qual Beto também fazia parte, chamaram a atenção para o problema do preconceito racial no país. De acordo com a organização do ato, pelo menos 40 pessoas participaram da manifestação.

“A loja onde há 30 dias Beto foi assassinado segue em pleno funcionamento, como se nada tivesse acontecido. Juntamo-nos, por alguns minutos, em homenagem a Beto e exigindo empatia pela vida de pessoas negras”, explica Winnie Bueno, representante da Coalizão Negra por Direitos.

Ativistas do movimento negro e membros de torcida organizada em frente a loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS)
Ativistas do movimento negro e membros de torcida organizada em frente a loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS) - Winnie Bueno

Com uma faixa pedindo “Justiça por Beto”, os manifestantes não deixavam de ser percebidos por quem entrava no hipermercado nesta tarde:

“As pessoas que estão aqui precisam saber que enquanto elas compram sua ceia, uma família não vai ter Natal porque, dentro de uma filial do Carrefour, funcionários contratados pelo supermercado assassinaram um homem”, disse Bueno.

A vítima morava em uma comunidade na Vila Farrapos, zona norte de Porto Alegre. Ele deixou esposa e quatro filhos. Conforme laudo inicial da necropsia, Beto morreu por asfixia. Ele também era tamboreiro da religião umbanda.

Beto era um homem de axé, um tamboreiro, um homem de torcida organizada”, lembrou Bueno.

Vídeos das câmeras de segurança do Carrefour mostram o cliente negro sendo espancado e imobilizado por dois vigias. Após a detenção, Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Os dois vão responder por homicídio triplamente qualificado.

Pela manhã deste domingo, um ato inter-religioso e ecumênico também marcou a data do assassinato. A articulação política e inter-religiosa exigiu justiça por Beto e todas as vidas negras.

A transmissão do evento ocorreu pelas mídias sociais da Coalizão Negra por Direitos, Twitter e Facebook. O ato foi chamado de “Minha Fé é Antirracista – em Defesa de Todas as Vidas Negras”.

De acordo com a Coalizão Negra por Direitos, no Brasil, um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos, além de que 75% dos mortos por arma de fogo são negros.

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