Aimée Grecco costumava dirigir a seus interlocutores a forma de tratamento “meu amor”. A psicóloga, que morreu no último dia 16, aos 62 anos, por insuficiência respiratória e após uma luta de nove anos contra um câncer que se iniciou no ovário, dedicou sua vida a seus pacientes e a trabalhos voluntários voltados a populações pobres ou em situação de risco.
“Minha irmã era a generosidade em pessoa. Promover festas, encontros, almoços e bazares beneficentes era tudo o que mais gostava”, diz Dante Grecco, seu único irmão. Além de manter consultório próprio, atuou em instituições como o Familie, que não tem fins lucrativos, e também a um grupo religioso, da Igreja Batista, que destinava tratamento e terapia a refugiados de diversos países residentes no Brasil.
"Ela não tinha religião, gostava muito do budismo e tinha devoção por Cosme e Damião”, diz o amigo Paulo Brito, em referência a devoção dela aos santos reconhecidos pelo catolicismo e pela umbanda e cujas trajetórias são marcadas pelo exercício da medicina filantrópica.
Como psicóloga, estudava a linha analítica de Carl Gustav Jung, e muitos dos pacientes que atendia eram crianças. Fazia parte da terapia ensiná-las a cozinhas e cuidar das plantas. Morava sozinha, na Vila Mariana, mesmo bairro onde funcionava seu consultório. Teve um casamento de sete anos, também com um terapeuta.
Grecco se dedicou a estudar o piano clássico. Era fã de Claude Debussy e interpretava suas músicas nos frequentes saraus que realizava.
Gostava de festas e quando fez 60 anos fechou um restaurante para cem convidados. “Outros cem ficaram do lado de fora”, conta Brito. Usava roupas coloridas, muitos colares e pulseiras. Previu a própria morte quando os médicos disseram que a quimioterapia já havia cumprido seu papel.
“De que você tem vontade?”, questionou Brito, depois de perceber que amiga estava se preparando para morrer. “De encher a casa de gente”, ela respondeu. Não teve filhos.
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