Descrição de chapéu Obituário Gomes Bonfim Rodrigues (1958 - 2021)

Mortes: Contador de piadas, fez amigos no estádio e nos bares da vida

Gomes Bonfim Rodrigues foi diplomado Patrimônio Cultural de Campinas, bairro de Goiânia

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Lorenna Rodrigues Larissa Rodrigues
Brasília

Baixinho (do tamanho do Romário, ele diria), barrigudo, sempre com a camisa do Atlético Goianiense e de chapéu: Gomes Bonfim Rodrigues era inconfundível e não passava despercebido.

Torcedor símbolo do Dragão, Gominho, como era conhecido, frequentava o Estádio Antônio Accioly desde quando o clube disputava a série B do Campeonato Goiano, muito antes de o time alcançar a elite do Nacional.

Gostava de contar que tinha mais de 50 camisetas do Atlético-GO. Ajudou a organizar eventos para arrecadar recursos para o clube e participou de uma manifestação para que a sede do rubro-negro não fosse derrubada.

Gomes Bonfim Rodrigues (1958 – 2021)
Gomes Bonfim Rodrigues (1958 – 2021) - Arquivo pessoal
Devoto de Nossa Senhora, fez amigos no estádio, nos bares e nas igrejas de Campinas, tradicional bairro de Goiânia do qual Gominho foi diplomado como Patrimônio Cultural.

Contador de piadas com sua voz alta e rouca, era conhecido por “gritar” os leilões nas festas das paróquias do município, quando dizia ser “o leiloeiro mais sexy do Brasil”.

Nasceu na roça, num pedaço de terra sem energia elétrica e banheiro. Filho de agricultores, o mais velho de cinco irmãos, mudou de cidade em cidade para estudar.

Terminou o ensino médio em Goiânia, onde trabalhou como vidraceiro e com transporte escolar e se estabeleceu como representante comercial de equipamentos para supermercados —brincava que faria sucesso em Veneza, já que vendia gôndolas.

Com o desejo de fazer medicina, chegou a prestar vestibular para o curso, mas tinha que se sustentar e o sonho do diploma em um curso superior foi realizado por meio das três filhas, que puderam estudar graças ao seu trabalho.

Tinha orgulho ao apresentar as duas jornalistas, que assinam este texto, e a caçula, mestre em sociologia. Além do time e das filhas, a paixão de Gominho eram os dois netos, Lara e Felipe, com quem trocava piadas diariamente pelo WhatsApp.

Apesar de usar duas máscaras do Atlético-GO desde o início da pandemia, contraiu o coronavírus. A família travou uma luta em busca de uma vaga em UTI e para alugar um aparelho para ajudar na respiração. Ainda assim, o coração atleticano falhou duas vezes e Gominho não resistiu.

Sem velório, uma carreata partindo do Antônio Accioly pelas ruas de Campinas foi a oportunidade para os amigos se despedirem. Gominho foi enterrado em Leopoldo de Bulhões, junto à mãe, de quem sentia muita saudade.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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