Para assinalar a marca de 500 mil mortos em decorrência da Covid-19 no Brasil, a Folha realizou no final da tarde deste sábado (19) a projeção de um vídeo em uma das principais vias de São Paulo.
A exibição, feita em parceria com a rede colaborativa Projetemos, busca dar dimensão à tragédia que o país vive. Produzido pela TV Folha, o vídeo de 30 segundos foi projetado a partir das 17h42 no cruzamento da rua da Consolação com a rua Maria Antônia, no centro da capital paulista.
A intervenção urbana pôde ser vista por todos que passavam por ali a pé, de carro, de moto e de bicicleta. O vídeo foi projetado em looping ao longo de 17 minutos.
“Além de dar a escala, no vídeo trazemos os nomes de algumas das vítimas para o primeiro plano”, afirma Victor Parolin, editor da TV Folha. “A intenção é que, ao se deparar com esses nomes, conhecidos e anônimos, a tragédia, que é gigantesca, fique ainda mais mensurável.”
A lista de nomes, que preenche o vazio da tela em velocidade crescente, remete “a outros memoriais e obras que registram nomes de vítimas de guerras, acidentes, golpes violentos”, diz Parolin.
"É fundamental que a Folha e outros veículos se coloquem de forma progressista e contra o genocídio. A pergunta que o vídeo coloca ["vamos morrer até quando?"] tem que ser feita", disse a economista Talita, que assistiu à projeção da esquina das ruas Cesário Motta e Consolação.
Não é a primeira vez que o jornal promove uma intervenção urbana como essa, embora a anterior tenha ocorrido em uma circunstância bem diferente da atual.
Em fevereiro de 1991, quando a Folha completou 70 anos, houve uma projeção em laser de poemas dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, de Arnaldo Antunes e de Walter Silveira na avenida Paulista.
A rede colaborativa Projetemos, que surgiu no passado, é formada por VJs, ativistas políticos e artistas que começaram a realizar intervenções para combater as fake news em relação ao vírus e às medidas de prevenção.
Com a visibilidade conquistada pelo grupo, pessoas de todas as regiões do Brasil começaram a procurar os VJs, como Felipe Spencer, Mozart Santos e Bruno Caramori, o Boca, para aprender a fazer as próprias projeções.
"Nós procuramos fomentar a democratização da projeção. Criamos um programa em software livre para a produção da arte-texto e disponibilizamos no nosso site", diz Mozart. Os VJs também oferecem oficinas online para empresas e grupos que queiram aprimorar o uso de recursos como eventos via videochamadas.
O engajamento pelas redes sociais, com o uso da hashtag Projetemos, e a postagem de imagens de projeções em diversas cidades do país são a principal forma de atuar na rede. "Qualquer um pode ser Projetemos, basta projetar", afirma Spencer.
Uma outra maneira que a Projetemos encontrou para fomentar a popularização das projeções (sejam elas poéticas, informativas ou militantes) foi divulgar um passo a passo para a confecção de um projetor caseiro.
Com alcance de até 100 m, este projetor pode ser montado por um custo em torno de R$ 170, mais em conta que equipamentos profissionais, cujos preços variam de R$ 2.000 e R$ 4.000.
Caso queira montar seu próprio projetor, veja o passo a passo
Veja versão mais extensa do vídeo em homenagem aos 500 mil mortos
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